Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Qual o feminino de "colono"?
"Colona" estará correcto?
Grata pela atenção.

Resposta:

Está, sim. O feminino de "colono" é "colona".

Pergunta:

O que é o sujeito?

Resposta:

O sujeito é o ser, a pessoa, o animal, a coisa, a situação, etc. sobre a qual se faz uma declaração; é o termo referente.
Ex.: «O Carlos chegou cedo.» 
«A saudade está sempre presente.» 
O sujeito pode ser expresso por:

a) um substantivo
Ex.: «Os morangos estão maduros.» 
b) um pronome pessoal, demonstrativo, relativo, interrogativo ou indefinido.
Ex.: «Ela comprou o jornal.» 
«Isto é muito importante.» 
«Gosto das pessoas que sabem escutar os outros.» 
«Quem está a bater à porta?» 
«Ninguém me perguntou nada.»


c) um numeral
Ex.: «O segundo é o melhor.»


d) uma palavra ou expressão substantivada
Ex.: «O poder corrompe, dizem.» 
«Têm de ser analisados os prós e os contras.»

 
e) uma oração infinitiva ou uma integrante (ou completiva)
Ex.: «É bom termos o carinho dos outros.» 
«Vale a pena investir na educação.» 
«Era importante que todos participassem.» 

O sujeito pode estar determinado (ser identificado) ou ser indeterminado. Nos exemplos acima apresentados, o sujeito está identificado e expresso. Por vezes, sabemos qual é o sujeito, mas ele não está materialmente expresso na oração: é o chamado sujeito subentendido ou oculto. É um sujeito determinado, mas não expresso. Subentendemo-lo pela desinência da forma verbal e pelo contexto.
Ex.: «Fiquei estupefacto!» (subentende-se como sujeito "eu").
«Passámos a tarde nas livrarias.» (subentende-se como sujeito "nós").


Há outras frases em que não é possível determinar o sujeito. Diz-se, então, que o sujeito é indetermi...

Pergunta:


1)
«A minha esperança é que ele conte a verdade.»
2) «A minha esperança é de que ele conte a verdade.»
3) «A minha esperança é a de que ele conte a verdade.»

Eu gostaria de saber qual das orações está construída corretamente.
É que não consigo definir diferença entre elas, porque, segundo meu entendimento a esse respeito:

a) O primeiro período é formado por uma oração substantiva predicativa, ou seja, «minha esperança» = «que ele conte a verdade»;
b) O segundo período tem uma oração substantiva completiva nominal, exercendo função análoga à da expressão «ao próximo», na frase «O seu amor é ao próximo»;
c) E o último período tem como predicativo um pronome demonstrativo seguido de uma oração completiva nominal, isto é, «A esperança de que ele conte a verdade é a minha esperança».

Por favor, peço que esclareçam a questão e a expliquem de maneira abrangente.
 
Grato de antemão.

Resposta:

A primeira frase está correcta. A segunda frase não está correcta, pois o verbo ser neste caso não deve ser regido de preposição. Este verbo exige preposição, quando tem o significado de «pertencer a», «acontecer com», «provir», «ser natural de», «ser partidário de», «ser favorável a», em construções do género:
«Não sou desse partido.»; «O disco é do meu irmão.»; «Que é (feito) do livro que te emprestei?»; «Ele é de Campo Grande.»; «Ele é pelos liberais.».
A terceira frase é pleonástica: a esperança está desnecessariamente repetida com a utilização do demonstrativo "a".
A utilização da segunda e da terceira frase talvez ocorra por contaminação com a construção simples de resposta oral a uma pergunta: «Qual é a tua esperança?» pode ter como respostas «É a de que ele conte a verdade.» ou «É de que ele conte a verdade.». Na primeira destas duas últimas frases, aparece subentendida «a esperança» no demonstrativo e na última, pelo ritmo da oralidade, desaparece o demonstrativo, ficando só a preposição de ligação.
Mas, como as apresentou, a frase correcta é, efectivamente, a primeira.
Quanto à divisão e classificação, temos nessa frase uma primeira oração, principal (a minha esperança é), e uma segunda oração, subordinada integrante ou completiva (que ele conte a verdade), que desempenha a função de sujeito da primeira (é uma oração substantiva).

Sintacticamente, a situação seria ligeiramente diferente no caso de construir uma frase em que ligasse por preposição essa oração substantiva (que ele conte a verdade) ao substantivo (a esperança), pois essa oração substantiva passaria a desempenhar a função de complemento nominal.

Pergunta:

Desculpe pela minha falta de clareza. A minha pergunta é: Gostaria que me apresentassem uma lista de prefixos, dizendo quando usá-los e o que eles significam.

Ex.: recém exige hífen. E outros?

Resposta:

A sua pergunta foi muito clara. Só que o que pede é tão vasto que não cabe numa página destas. Existem mais de cem prefixos, muitos deles com vários significados. Poderá consultar qualquer gramática ou prontuário, onde obterá a informação que deseja. Se quiser restringir o âmbito da sua pergunta, terei todo o gosto em responder-lhe.

No entanto, como apresenta como exemplo um radical com o qual se podem formar palavras sempre com hífen, vou referir-lhe os prefixos que formam palavras sempre com hífen, ou porque têm acento gráfico, ou com determinado significado:

Prefixo

Significado

Exemplos

 

além-

para lá de, em posição posterior, no espaço ou no tempo

além-mar, além-mundo

 

aquém-

para cá de

aquém-Atlântico, aquém-fronteiras

 

co-

a par de, quando o 2.º elemento possui vida autónoma

co-autor, co-herdeiro, co-incineração

 

ex-

estado anterior, cessação, extinção

ex-marido, ex-ministro

 

pós-

após, depois de

pós-graduação, pós-verbal

Pergunta:

Eu gostaria de saber as regras relativas aos pronomes mesoclíticos, i.e., em que casos perde o verbo o -r?:
– estudár-lo-ei ou estudá-lo-ei?
– dár-lo-ei ou dár-lho-ei?
– comprár-la-ia ou comprá-la-ia?
Etc.
Desde já agradeço a resposta.

Resposta:

Na conjugação pronominal do futuro do indicativo e do condicional, os pronomes átonos ficam em posição mesoclítica, ou seja, no interior da forma verbal. Isto acontece por estes dois tempos terem sido formados pela justaposição do infinitivo do verbo principal com as formas reduzidas do presente e do imperfeito do indicativo do verbo haver: falar + (h)ei, falar + (h)ás, falar + (h)á, etc.
1. As formas verbais que apresenta são escritas desta forma: estudá-lo-ei, dar-lho-ei e comprá-la-ia. Os outros registos não estão correctos.

2. O pronome pessoal forma de complemento indirecto (me, te, lhe, nos, vos, lhes) é introduzido no meio da forma verbal, sem que esta sofra supressão de nenhum fonema.

Exemplos:

Futuro Condicional
comparei: comprar-te-ei; comprar-lhe-ei compraria: comprar-te-ia; comprar-lhe-ia
comprarás: comprar-me-ás; comprar-lhe-ás comprarias: comprar-me-ias; comprar-lhe-ias
comprará: comprar-nos-á; comprar-vos-á compraria: comprar-nos-ia; comprar-vos-ia
compraremos: comprar-lhe-emos compraríamos: comprar-lhe-íamos
comprareis: comprar-me-eis; comprar-lhe-eis compraríeis: comprar-me-íeis; comprar-lhe-íeis
comprarão: comprar-nos-ão; comprar-lhe-ão comprariam: comprar-nos-iam; comprar-lhe-iam

3. O mesmo acontece com as formas do pronome pessoal forma de complemento directo homónimas das do indirecto (me, te, nos, vos), ou seja as da 1.ª e 2.ª pessoa. No entanto, com o pronome o, a, os, as (3.ª pessoa do singular e do plural), dá-se a queda do "r" perante o pronome, o verbo fica com acento agudo nessa vogal "a" e os pronomes aparecem nas antigas formas lo, la, los, las.

Exemplos:

Futuro Condicional
comparei: comprá-lo-ei; comprá-la-ei compraria: comprá-lo-ia; comprá-la-ia
com...