Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Gostaria de saber se o verbo louvar aceita objetos transitivos indiretos. Como devo analisar as seguintes frases:
Louvamos a lua.
Louvamos ao Senhor.
Muito obrigada.

Resposta:

O verbo louvar é um verbo transitivo directo. Constrói-se com complemento directo, preposicionado ou não. “Ao senhor” e “a lua” são complementos directos. Trata-se de um dos verbos cujo complemento directo pode vir regido da preposição “a”. Um exemplo idêntico é o do verbo amar. Na expressão “amar a Deus”, “Deus” é complemento directo regido de preposição.

Pergunta:

Gostaria de saber se estas expressões são corretas:
Puxar da faca, sacar do revólver, saber do caso, gozar de liberdade, chamar por alguém.

Resposta:

São correctas, sim. Os verbos que refere podem construir-se com ou sem preposição. Os exemplos que se apresentam de seguida foram retirados da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
1. Puxar, no sentido de «tirar e empunhar, desembainhar, sacar», pode empregar-se sem preposição e com a preposição “de” ou “por”. Exemplos: «A luta continuava encarniçada, ele fora de si puxava pela faca...», Rodrigo Paganino, Contos do Tio Joaquim, p. 120; «... primeiramente, Pirano há-de puxar da durindana para a cravar no peito.”, Castilho, Noite de S. João, III, 1, p. 82; «Iam à feira e o Duarte, se calhava ter de puxar pela carteira, mostrava o seu pacote de notas», Aquilino Ribeiro, Volfrâmio, cap. II, p. 349.
2. Sacar, no sentido de «tirar, fruir, lucrar, auferir», «tirar com maior ou menor violência, puxar por», tanto pode ser utilizado sem preposição como com a preposição “de”: «Feliz quem saca do talento e sabe tão belos frutos», Castilho, Dicionário; «sacou a espada da bainha»; «sacou o rapaz pelo braço»; «sacar do sabre»; «sacou do cacete e deu uma pancada no companheiro»; «D. Zuleima, radioso, sacou do seu escritório portátil, e... entrou a encher de garatujas uma tira de pergaminho», Rebelo da Silva, Ódio Velho não Cansa, II, cap. 16, p. 92; «Sacou de uma faca de ponta e com ela atravessou o peito da moça», Gilberto Freire, Casa-Grande e Senzala, p. 298.
3. Saber, no sentido de «ter conhecimento, notícia ou informação», «investigar acerca de, perguntar por», constrói-se com a preposição “de”: «não soube da partida do amigo»; «Se os Portugueses da Idade Média não sabiam de seus avós lusitanos, acaso sa...

Pergunta:

Como se forma o plural de "abajur"? Será "abajures" ou "abajurs" (uma vez que a palavra deriva do francês "abat-jour" cujo plural é "abat-jours")?
Pesquisei no vosso motor de busca as palavras "abajur", "abajures", "abat-jour" e "abat-jours" e não obtive nenhuma resposta. Agradeço a vossa ajuda.

Resposta:

A palavra abajur é um galicismo já graficamente adaptado ao português. Assim, o seu plural deverá ser “abajures”, seguindo a regra de formação do plural de palavras terminadas em -r: colares, militares, mulheres, malmequeres, faquires, menires, favores, oradores, etc.

Pergunta:

Estou com algumas dúvidas.
Gostaria de saber o que é (com exemplos):
Paráfrase
Perífrase
Síntese
Resumo
Onde encontro, na gramática:
Tipologia textual
Significação literal e contextual de vocábulos (seria metáfora, metonímia, etc.?)
Processos coesivos de referência
Empregos de classes de palavras
Estrutura, formação e representação
Apreciaria muito a sua ajuda.

Resposta:

Chama-se paráfrase ao desenvolvimento do conteúdo de uma frase ou texto, conservando as ideias do original. Consiste em expressar de modo diverso do original uma frase ou um texto, mas sem alteração do significado original, conservando, pois, as ideias da primeira versão. Também se chama paráfrase a uma tradução livre ou desenvolvida.
A perífrase é um processo que consiste em exprimir por muitas palavras o que se poderia dizer em poucas ou numa só.
A síntese é uma técnica de escrita que consiste em reduzir um texto às suas ideias essenciais, com liberdade na ordem e organização das ideias.
O resumo é uma técnica de escrita que consiste em condensar as ideias principais de um texto, não introduzindo qualquer comentário e respeitando o sentido, a estrutura e o tipo de enunciação.
Poderá encontrar exemplos destas técnicas de escrita em obras sobre redacção e composição de textos.
Os assuntos a que se refere na parte final da sua pergunta são tratados em gramáticas e obras de linguística. Encontra-os nos capítulos respeitantes a tipologia textual, factores da textualidade, linguística do texto, morfologia e semântica.

Pergunta:

Meu nome é Vilma e, como uma eterna estudante nesta escola da vida, gostaria de esclarecer a seguinte dúvida: Pode uma frase do tipo “Não coloque os cotovelos sobre a mesa!” ser classificada como imperativa, negativa e exclamativa ao mesmo tempo? Ela pode ser imperativa e exclamativa?
Vi este exemplo no livro "A palavra é sua", autores Maria Helena e Luft.
Desde já agradeço pela atenção.

Resposta:

A frase que apresenta não é uma frase exclamativa. É uma frase imperativa (tipo) e negativa, activa, neutra (forma).
Quanto ao tipo, as frases podem ser classificadas de declarativas, interrogativas, imperativas ou exclamativas. Uma frase, quanto ao tipo, só pode ter uma classificação.
Quanto à forma, elas podem ser classificadas de afirmativas ou negativas, activas ou passivas, neutras ou enfáticas.
As frases imperativas exprimem uma ordem, um conselho, um pedido ou uma chamada de atenção, o predicado está normalmente no imperativo ou no presente do conjuntivo e podem terminar por um ponto final ou um ponto de exclamação. As frases exclamativas põem em relevo um sentimento forte, uma emoção, têm o predicado no modo indicativo, podendo omiti-lo, e terminam por um ponto de exclamação.