Maria Eugénia Alves - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Maria Eugénia Alves
Maria Eugénia Alves
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Professora portuguesa, licenciada em Filologia Românica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com tese de mestrado sobre Eugénio de Andrade, na Universidade de Toulouse; classificadora das provas de exame nacional de Português, no Ensino Secundário. 

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

«Ele era de opinião que (ou "de que") céu cinzento e gotas de chuva nas janelas tiram o ânimo e causam melancolia.» Na frase citada, qual é a melhor regência para o termo "opinião"?

Obrigado.

Resposta:

Conforme abonação do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, o nome «opinião» não deve reger a preposição de: «Era de opinião que o assunto devia ser discutido com todos os sócios [...]» 

Com a aceção de «ideia sem fundamento, presunção», o Dicionário Aurélio dá o seguinte exemplo:«Sua opinião de que vai ser ministro é bem ridícula». 

Pode também consultar aqui.

À volta da expressão «nem por isso»   <br> e de outras que tais
Sobre a «alforreca das respostas negativas», segundo Miguel Esteves Cardoso...

«O nem por isso é a alforreca das respostas negativas. O que mais enfurece nela é a falta não-absoluta de significância», glosava Miguel Esteves Cardoso, na sua crónica no jornal "Público", do dia 21/07/2014: «"Nem por isso": toda a gente sabe o que quer dizer, mas qual é o "isso" por que ocorre o "nem"? (...)» Quatro anos depois, voltou ao tema, para ele ainda não esclarecido, da falta de lógica gramatical desta expressão de uso corrente na coloquialidade dos portugueses. Dela e de outras similares aborda o texto a seguir.  

Pergunta:

Na frase «Fica sabendo que sou eu que guardo esta casa.», como se classifica a oração «que guardo esta casa»?

Resposta:

«Fica sabendo que sou eu que guardo esta casa»

Fica sabendo – oração subordinante

que sou eu que guardo esta casa- oração subordinada substantiva completiva.

 

A oração subordinada substantiva completiva desempenha uma função sintática relativamente ao verbo da oração superior; a oração completiva exerce a função de complemento direto relativamente ao verbo da oração superior.

Encontramos nesta oração uma estrutura de encaixe: a forma verbal sou ocorre numa estrutura de clivagem.

As clivadas constituem um recurso sintático utilizado para realçar determinados constituintes. O constituinte focalizado ou clivado ocorre no interior da expressão ser + que

Pergunta:

Gostaria de saber qual a origem da expressão «negócio da China».

Obrigado.

Resposta:

A explicação para a origem da expressão idiomática encontra-se no Dicionário de Expressões Correntes, de Orlando Neves, Notícias Editorial, que passamos a transcrever:

«Desde que Marco Polo deu a conhecer aos europeus a China e as maravilhas da gente e da terra, aquele país entrou no imaginário ocidental como um local onde sucediam coisas extraordinárias, espantosas, inauditas. A partir do momento em que os imperadores da China fizeram concessões especiais aos países da Europa, negociar com os chineses passou a ser algo de muito lucrativo, uma pechincha, que é, afinal, o sentido da frase.»

<i> – esse mistério da inexistência tantas vezes às claras" class="img-adjust">

O recorrente interviu, desta vez por via de um jornal português que já contou nos seus quadros excelentes revisores de imprensa.