José Eduardo Agualusa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
José Eduardo Agualusa
José Eduardo Agualusa
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José Eduardo Agualusa, jornalista e escritor angolano, nascido no Huambo, em 1960. Alguns livros da sua vasta obra literária são, entre outros, Milagreiro Pessoal (2021), Os Vivos e os Outos (2020) O Vendedor de Passados (2004), depois de Catálogo de Sombras (contos, 2003), O Terrorista Elegante (2019, em coautoria com o moçambicano Mia Couto), O Ano em que Zumbi Tomou o Rio (2002), Estranhões e Bizarrocos (com Henrique Cayatte, 2000), Um Estranho em Goa (2000), Estação das Chuvas (1997), Nação Crioula (1998), A Feira dos Assombrados (1992), D. Nicolau Água Rosada e Outras Histórias Verdadeiras e Inverosímeis (1990), A Conjura (1989), O Livro dos Camaleões, (2015) Teoria Geral do Esquecimento (2018), Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku. Uma Biografia de Angola (2023) e Mestre dos Batuques (2024). Publicou ainda (em 1993) uma grande reportagem sobre a comunidade africana na capital portuguesa, Lisboa Africana, em colaboração com o jornalista Fernando Semedo e a fotógrafa Elza Rocha.

 
Textos publicados pelo autor
Língua materna vs. língua madrasta. Uma proposta de paz

O escritor angolano José Eduardo Agualusa reflecte sobre a rápida expansão do português em Angola, após a independência, propondo o uso dos idiomas nacionais na literatura desse país.

 

 

Não há como a brutal aspereza do alemão quando o que se pretende é intimidar alguém. Experimente, por exemplo, gritar "Macht es Ihnen etwas aus, wenn ich rauche?", enquanto arranha o ar com os punhos, e vai ver que o efeito é aterrador.

A frase em causa, no entanto, significa simplesmente «Importa-se que eu fume?».

Machado de Assis e o Acordo Ortográfico

«Se, como receiam tantos portugueses, o presente Acordo Ortográfico forçar o português de Portugal a aproximar-se das variantes brasílicas não haverá nisso tanto de deriva quanto de regresso», escreve o  escritor angolano José Eduardo Agualusa na revista "Ler" de Novembro de 2008, que aqui deixamos em linha, com a devida vénia  ao autor.

Acorda, Acordo, <br> ou dorme para sempre

Participei [no dia 31 de Janeiro p. p.], na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, num debate sobre o Acordo Ortográfico — que o Brasil prometeu aplicar este ano, e Portugal também, tendo Portugal depois recuado de forma inexplicável.

Pela experiência que ganhei participando em debates públicos cheguei à conclusão de que as opiniões contrárias ao Acordo Ortográfico resultam:

[Foi inaugurada, dia 26 de Maio p.p] em Lisboa, no Parque Eduardo VII, mais uma feira do livro. Escrevo mais uma querendo dizer isso mesmo: mais uma. Mais uma que, presumo, em poucos aspectos se distinguirá das anteriores setenta e cinco.

Uma das raras iniciativas que ainda ligam o Portugal dos nossos dias ao Portugal de 1930 é a Feira do Livro de Lisboa. A mudança mais significativa nos últimos setenta e cinco anos, creio, foi a localização – a feira arrastou-se a custo, tropegamente, pa...