Eunice Marta - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Eunice Marta
Eunice Marta
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Licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e mestre (Mestrado Interdisciplinar em Estudos Portugueses) pela Universidade Aberta. Professora de Português e de Francês. Coautora do Programa de Literaturas de Língua Portuguesa, para o 12.º ano de escolaridade em Portugal. Ex-consultora do Ciberdúvidas e, atualmente, docente do Instituto Piaget de Benguela, em Angola.

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Necessito saber a origem etimológica da palavra opinião. Poderão ajudar-me?

Resposta:

A palavra opinião deriva, por via culta, «do latim opinĭōne-, "opinião, conjetura, crença; a opinião que se faz de uma coisa, ideia, representação; boa opinião, reputação"» (Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, IV, de José Pedro Machado).

Pergunta:

Qual é o aumentativo da palavra jovem?

Resposta:

Como não há registo nos dicionários de nenhum termo que designe especificamente o aumentativo de jovem, temos de recorrer ao processo de formação dos aumentativos.

Assim, e se tivermos como referência a formação do diminutivo de jovemjovenzinho ou jovenzito (formas que se obtiveram pela junção dos sufixos diminutivos -zinho e -zito) —, inferimos que jovenzão e jovenzarrão serão possíveis formas do aumentativo (usando-se os sufixos aumentativos por excelência -ão e -zarrão).

Trata-se de formas nada comuns (estranhas ao ouvido) que não se encontram dicionarizadas nem estabilizadas e, portanto, que poderão ocorrer em situações informais, em casos de uso da linguagem familiar e corrente, para se traduzir uma situação em que se realce, pela positiva ou pela negativa, a ideia/imagem de um determinado jovem.

Pergunta:

Habitantes de Bombaim: bombaínos? E de Madras/Madrasta? Madrasi (inglês)/madrastos?

Qual é a opinião dos distintos especialistas?

Resposta:

O Dicionário de Gentílicos e Topónimos, do Portal da Língua Portuguesa, da responsabilidade do ILTEC, não regista nenhum gentílico específico para designar os naturais ou residentes de/nas cidades indianas de Bombaim e de Madrasta, caso que não é invulgar, pois nem todos os locais possuem um gentílico associado.

Assim, e como isso significa que não há ainda adjetivos e/ou nomes/substantivos gentílicos atestados — cuja formação implicaria a junção de um sufixo (-ês ou -ense, -ão ou -ano, -eno ou -enho, -eu ou -aico, -ino ou -ita, etc.) à base do topónimo —, deverá utilizar-se a expressão «o habitante/o natural/o objeto d(e/a/o) nome do lugar» (Dicionário de Gentílicos e Topónimos).

Portanto, nestes dois casos, dir-se-á «o habitante/natural de Bombaim» e «

Pergunta:

Preciso que me expliquem a enumeração. Poderiam-me facultá-la ?

Resposta:

A enumeração é um recurso retórico que consiste na «adição ou inventário de coisas relacionadas entre si, cuja ligação se faz quer por polissíndeto1 quer por assíndeto2» (Dicionário de Termos Literários, de Carlos Ceia).

É frequente a presença da enumeração nas descrições e nas narrações em que o narrador se preocupa em apresentar todas as particularidades de uma determinada situação, apresentando uma série de caraterísticas dos locais e do ambiente, listando as qualidades e os defeitos das personagens, referindo o processo pormenorizado das ações. Através deste recurso, o sujeito procura representar fidedignamente o pormenor da realidade sobre a qual falam/escrevem. «Entre os vários processos, podemos lembrar: o desenvolvimento da definição, o emprego de exemplos, o uso de comparações, contrastes, etc.» (Sebastião Cherubim, Dicionário de Figuras de Linguagem, 1973).

São exemplos de enumerações:

«A vida é o dia de hoje, / A vida é um ai que mal soa,/ A vida é sombra que foge, / A vida é nuvem que voa, / A vida é sonho ao leve, /que se desfaz como neve/ E como fumo se esvai» (João de Deus, A Vida).

«Lavava roupas da Baixa, vestia, usava, lavava outra vez, levava» (

Pergunta:

Gostaria de saber qual o aumentativo e o diminutivo das palavras motores e nave.

Resposta:

Embora a forma mais comum dos diminutivos e dos aumentativos das palavras resulte do processo de formação que é feito sinteticamente, ou seja, mediante o emprego de sufixos especiais (os diminutivos -ino, -inho, -ito, -ico, -zinho, -zico, -zito, -eco, -zeco, etc.; e os aumentativos -ão, -zão, -zarrão, -aço, -ona, - zona, etc.), não podemos deixar de lembrar que existe, também, o processo analítico, em que se junta um adjetivo que indique diminuição (pequeno, minúsculo) ou aumento (grande, enorme), ou aspetos relacionados com essas noções.

Assim, se optarmos pelo processo sintético, resultarão as seguintes formas:

Diminutivos:

motorzinho(s), motorzito(s),

motorzico(s), motorzeco(s)

navezinha, navezita,

navezeca

Aumentativos:

motorzão (motorzões),

motoraço(s)