Edite Prada - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Edite Prada
Edite Prada
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Edite Prada é consultora do Ciberdúvidas. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Português/Francês, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; mestrado interdisciplinar em Estudos Portugueses, defendido na Universidade Aberta de Lisboa. Autora de A Produção do Contraste no Português Europeu.

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

«Diz-se tocar a campainha durante dez minutos», ou «tocar à campainha durante dez minutos»?

Cf. «bater a porta» vs. «bater à porta».

Resposta:

A questão que apresenta prende-se com um uso da língua que é diversificado e que, por isso, permite mais do que uma realização, mesmo se o sentido global não coincide totalmente.

Numa pesquisa Google, cheguei à mesma conclusão que chegara intuitivamente, ou, mesmo, em conversação com outros falantes: ambas as expressões se utilizam, havendo, no entanto, uma clara preferência por «tocar a campainha».

Pergunta:

Expressões como «relacionado no rol» ou «listado na relação», por exemplo, são tão redundantes quanto «arrolado no rol», «relacionado na relação», «listado na lista»? Quais dessas formas são possíveis de serem usadas em textos formais?

Resposta:

Eu diria que nenhuma. Em todas elas há, efectivamente, redundâncias, que se compreendem, de alguma forma, num discurso informal, sobretudo se for oral, mas que se devem evitar na escrita. Mesmo se esta não for muito formal.

Pergunta:

Supondo que o diretor da escola entre na sala para conversar com os alunos e daí, por estar muito barulho, o professor em tom pseudoirônico diz: «Quem estiver me ouvindo, por favor, silêncio, o diretor quer falar.» Poderia dizer que a oração «Quem estiver me ouvindo» exerce função sintática de vocativo? Pergunto isso, pois poderia substituir «Quem estiver me ouvindo» satisfatoriamente por «Alunos»; exemplo: «Alunos, por favor, silêncio, o diretor quer falar.» Então, existe oração subordinada substantiva vocativa?

Grato!

P. S.: Por favor, partam do princípio que o quem iniciando a oração é um pronome indefinido e não um relativo sem antecedente, pois isso é possível.

Resposta:

Por definição, a oração relativa substantiva ou relativa livre representa, na frase, um nome. Assim, ela pode desempenhar as funções inerentes a um nome, pelo que, a meu ver e analisando bem a frase em apreço, poderá também desempenhar, ainda que não seja muito comum, a função do vocativo. Não sei se lhe poderemos chamar subordinada substantiva vocativa, pois se fosse sujeito também lhe não chamaríamos subordinada substantiva sujeito. Diríamos, antes, que é uma oração subordinada substantiva que desempenha a função de sujeito (ou, no caso em apreço, de vocativo…).

Partindo do princípio de que estamos a fazer uma análise relativamente marginal, ou pouco prototípica, numa frase também ela pouco comum e característica do oral espontâneo, creio que, na generalidade, a função desempenhada não mudaria significativamente se, em vez do relativo quem, estivesse, por exemplo, a expressão indefinida «quem quer que…».

Pergunta:

Qual é a forma correcta, ou mais correcta: «todo o tipo de ambiente», «todo o tipo de ambientes»,, ou «todos os tipos de ambientes»?

A frase (quase) completa é a seguinte: «Considera-se que todo o tipo de ambientes é susceptível de ser alojado em…»

Obrigado.

Resposta:

A questão que apresenta é bastante interessante e prende-se, sobretudo, com as regras de uso da expressão, que, a meu ver, pode ser tanto «todo o tipo de ambientes» como «todos os tipos de ambiente».

Em situações em que duas estruturas são possíveis, a escolha por uma ou por outra tem muito mais que ver com a pessoa que as usa do que com a sua adequação.

De qualquer forma, a expressão que me parece menos adequada é «todo o tipo de ambiente», dado que «todo o tipo» remete para uma realidade plural, que se espera ver expressa. Por outro lado, nas expressões «todo o tipo de ambientes» e «todos os tipos de ambiente», ambas correctas, o que parece acontecer é uma oscilação da palavra que suporta o plural, que pode ser tanto o núcleo da expressão «todos os tipos» como o nome que se liga a este núcleo, «ambientes».

Este tipo de «compromisso interno», chamemos-lhe assim, ocorre em outras expressões, sem retirar o sentido plural à mensagem final, como é o caso na situação em apreço.

Pergunta:

Qual o processo de formação das palavras pequeno-almoço e obras-primas? Fazem parte da composição morfossintáctica de subordinação, ou de coordenação?

Resposta:

O processo de formação das palavras em apreço é, como refere, composição morfossintáctica. Considerando que ambas as palavras do conjunto sofrem flexão de número (pequenos-almoços e obras-primas), poderemos considerar que estamos perante uma composição morfossintáctica de coordenação.