Pergunta:
No sentido de abrir caminho, ouvi algumas vezes a expressão «abrir alas». No entanto, não sei se será muito correto. Se o for, rege-se por alguma preposição?
Ou seja, na frase: «A temperatura estival parecia abrir alas para a multidão de pessoas que se aglomerou no Palácio de Cristal.»
Desconheço se faz ou não sentido, contudo, poderia substituir-se por: «A temperatura estival parecia abrir alas à multidão de pessoas que se aglomerou no Palácio de Cristal.»
Uma vez mais, quero reiterar os meus genuínos parabéns a toda a equipa que nos ajuda a aperfeiçoar este tão belo idioma de Camões.
Resposta:
Para analisar a expressão «abrir alas», embora tenha uma utilização fixa, importa ter em conta a regência exigida pelo verbo abrir, que, na longa descrição dos dicionários, ocorre, também, como transitivo direto e indireto e intransitivo.
Analisemos as frases em apreço, que se repetem numeradas, e com ordem diversa:
(1) «A temperatura estival parecia abrir alas à multidão de pessoas que se aglomerou no Palácio de Cristal.»
(2) «A temperatura estival parecia abrir alas para a multidão de pessoas que se aglomerou no Palácio de Cristal.»
Ambas as frases são corretas e ambas veiculam o mesmo sentido.
Do ponto de vista sintático, na frase (1) temos:
Sujeito – A temperatura estival
Predicado – parecia abrir alas à multidão de pessoas que se aglomerou no Palácio de Cristal.
Verbo composto que modaliza a mensagem – parecia abrir
C. direto – alas
C indireto – à multidão de pessoas que se aglomerou no Palácio de Cristal.
Nota: por não ser relevante para o tema em análise, não vamos desdobrar os sintagmas nominais, pelo que se não faz a análise da frase relativa «que se aglomerou no Palácio de Cristal.»
Para muitos, a frase (2) tem uma estrutura igual à frase (1), com a diferença de que o C. indireto é introduzido pela preposição para.
Porém, muitos investigadores não aceitam a...