Pergunta:
São muitas as respostas do Ciberdúvidas a dúvidas sobre regimes preposicionais, mas gostaria de fazer ainda uma outra pergunta. As pessoas mais jovens (e não só) têm dificuldades com as preposições, creio que também por influência de línguas estrangeiras, nomeadamente do inglês. Em boa verdade, também não é fácil encontrar obras ou sítios que nos ajudem. Os (ou as) guias das Editora Lidel, o livrinho de Cármen Nunes e Leonor Sardinha e o Dicionário Prático de Substanticos e Adjectivos de Ghitescu (um dos poucos que lidam com a regência nominal) são esboços interessantes, mas extraordinariamente incompletos. O dicionário da Academia [das Ciências de Lisboa] apresenta muitos exemplos datados, o Houaiss e o Dicionário da Sociedade da Língua Portuguesa/José Pedro Machado nem isso, os vocabulários de Rebelo Gonçalves e José Pedro Machado só em situações excepcionais.
Pergunto, assim, o seguinte: o Dicionário Gramatical de Verbos do polémico professor Malaca Casteleiro (Texto Editora) é uma boa alternativa? E quanto às obras de referência de Celso Pedro Luft, são úteis para quem escreve em português europeu? E que outras obras podem recomendar? Finalmente, existem estudos sobre a influência do inglês na nossa sintaxe e noutras questões gramaticais?
Muito obrigado.
Resposta:
O Dicionário Gramatical de Verbos é uma boa alternativa, sobretudo, porque é das poucas obras no mercado editorial português que procuram inventariar as regências verbais com alguma exaustividade. Mas é de não esquecer uma obra de 1994, publicada em Coimbra, pela Livraria Almedina: o Dicionário Sintáctico de Verbos Portugueses, de Winfried Busse.
No âmbito da lexicografia brasileira, o dicionário de Celso Pedro Luft é útil, uma vez que muitos dos exemplos são em português brasileiro literário, mas tal significa que certos usos inovadores do português europeu podem não estar descritos. Mais recentemente cabe referir o Dicionário Houaiss de Verbos da Língua Portuguesa, compilado por Vera Rodrigues e publicado pela Editora Objetiva do Rio de Janeiro.
Quanto à influência inglesa, recomendo um artigo de Tiago Freitas, Maria Celeste Ramilo e Elisabete Soalheiro, «O processo de integração dos estrangeirismos no português europeu» (in Mateus, M. H. M. e Nascimento, F. B., A Língua Portuguesa em Mudança, Lisboa, Editorial Caminho, 2005, págs. 37-49). Também sugiro um outro: Christian Schmidt, «Sobre la discusión de los anglicismos en portugués — Estándar y uso descritos desde la base del lenguaje de la informática y de Internet», disponível