Pergunta:
Na frase «Eu não saberia se você voltasse», o se é conjunção condicional, ou concessiva? Por favor, considerem com cuidado a possibilidade de ser concessiva... Caso contrário, expliquem-me por que é condicional (de modo mais extenso). Aguardo ansioso. Abraço!
Resposta:
Se a conjunção se for a única palavra que introduz uma oração, não é uma conjunção concessiva, sendo antes classificada do seguinte modo (cf. Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa, Rio de Janeiro, Editora Lucerna, 2002, págs. 323/324):
a) como conjunção integrante: «Perguntou se era possível passar.»
b) como conjunção condicional: «Eu não partiria, se você voltasse.»1
Não obstante, há quem a classifique de maneira diferente. Por exemplo, além de a registar como conjunção integrante e condicional, o Dicionário Houaiss classifica-a também como:
c) conjunção temporal: «Se fala, irrita a todos.»
d) conjunção causal: «Se você tem carro, por que ir a pé?»
Deve, no entanto, observar-se que os usos evidenciados em c) e d) são exemplificativas de valores que podem estar associados às orações condicionais, como aliás aponta Bechara (op. cit., pág. 498):
«As orações condicionais não só exprimem condição, mas ainda podem encerrar as ideias de hipótese, eventualidade, concessão, tempo, sem que muitas vezes se possam traçar demarcações entre esses vários campos do pensamento.»
Penso, portanto, que o consulente se refere à possibilidade de à conjunção condicional se se associar um valor concessivo. E, na verdade, o valor de concessão fica em evidência, quando reforçamos se com mesmo, dando origem à locução conjuncional «mesmo se», que certas gramáticas descrevem como introdutora de orações concessivas: