Carlos Marinheiro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Carlos Marinheiro
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Carlos Marinheiro (1941–2022). Bacharel em Jornalismo pela Escola Superior de Meios de Comunicação Social de Lisboa e ex-coordenador executivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Colaborou em vários jornais, sobretudo com textos de análise política e social, nomeadamente no Expresso, Público, Notícias da Amadora e no extinto Comércio do Funchal, influente órgão da Imprensa até ao 25 de Abril.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Encontro-me a preparar o conteúdo de um regulamento para o condomínio do meu prédio e gostava de saber se a utilização dos nomes condómino, condomínio, administração e assembleia de condóminos deve ser efectuada com utilização de letra maiúscula.

Muito obrigado.

Resposta:

Como se trata de um regulamento, a letra maiúscula inicial não se justifica em condómino, condomínio, administração e assembleia de condóminos.

Seria compreensível, apenas numa carta formal, por deferência («Exmo. Senhor Condómino da fracção X», por exemplo).

Como sabe, condómino é «co-proprietário; dono de fracção horizontal; titular de uma ou mais fracções independentes em propriedade horizontal, que é também comproprietário das partes do edifício que constituem a sua estrutura comum ou estão afectas ao serviço das fracções em que o prédio está dividido»; e condomínio (neste contexto) é «situação em que uma coisa indivisa (um prédio, por exemplo) pertence a vários titulares, tendo cada um deles direitos exclusivos sobre uma ou mais fracções determinadas e sendo, ao mesmo tempo, comproprietário das partes do edifício que constituem a sua estrutura comum ou que estão afectas ao serviço das fracções em que o prédio está dividido».

[Fonte: Dicionário da Língua Portuguesa 2008, da Porto Editora]

Pergunta:

Adiantado é da família de dia?

Resposta:

Adiantado não é da família de dia; trata-se do «part[icípio] de adiantar; f[orma] hist[órica] sXIII adeantado, sXV adiantado». Por sua vez, adiantar resulta de «adiante + -ar; f[orma] hist[órica] 1267 adiantado, sXIII adeantar, sXIV adiantar, sXV deantar». Quanto a adiante, vem de «a- + diante; f[orma] hist[órica] sXIII adeante, sXIII adeãte». Por fim, diante deriva do «lat[im] de prep[osição] + ĭnante prep[osição] "em frente de" > sX-XI denante > sXIII, com snc. -n- intervocálico, deante; c[om]p[are (com)] esp[anhol] denante > delante, por dissimilação das nasais; f[orma] hist[órica] 1025 denant, sXIII deãnte, sXIV diante adv[erbial], sXIII deãnte, sXIV diante prep[osição]».

Adiantado significa «que se adiantou» ou «que, em relação ao tempo, se encontra adiante».

[Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss]

Pergunta:

O que se entende por «domínio urbano municipal»?

Resposta:

Domínio, neste contexto, quer dizer «território ou territórios pertencentes a um Estado ou senhorio; propriedade»; aqui, sendo municipal, pertence ao município. Por sua vez, urbano significa «que diz respeito à cidade».

Assim, «domínio urbano municipal» é a zona territorial pertencente ao município (ou concelho) situada na cidade (a parte urbana).

Pergunta:

Qual é a tradução da palavra inglesa hyporexia? A palavra significa diminuição do apetite, mas não sei se posso fazer a tradução à letra, "hiporexia".

Obrigada.

Resposta:

O Dicionário de Termos Médicos, de Manuel Freitas e Costa, edição da Porto Editora, acolhe a palavra hiporexia, derivada «de hipo- e do gr[ego] órexis, "apetite", e -ia»; e diz que se trata de «anorexia ligeira». Como sabe, anorexia é «falta de apetite».

Pergunta:

Existe alguma diferença no significado das palavras sépsis e septicemia?

Obrigada.

Resposta:

O Dicionário Eletrônico Houaiss acolhe sépsis e diz que é a «presença de microrganismos piogênicos e outros organismos patogênicos, ou suas toxinas, na corrente sanguínea ou nos tecidos; sepse, sepsia»; sobre septicemia, diz que se trata de «tipo comum de sépsis, caracterizado por um estado infeccioso generalizado devido à presença de microrganismos patogênicos e suas toxinas na corrente sanguínea».

O Dicionário Médico, de L. Manuila, A. Manuila e outros (Climepsi Editores), regista sépsis (com acento no e), também a par com sepse e sepsia, e diz que é a «presença no sangue ou nos tecidos de microrganismos causadores de putrefacção»; em relação a septicemia,  chama-lhe «conjunto de manifestações patológicas devidas a invasão do  organismo por germes patogénicos, por via sanguínea, provenientes de um foco infeccioso».

O Dicionário de Termos Médicos, de Manuel Freitas e Costa, edição da Porto Editora, regista sepsis (sem acento no e, certamente por lapso, porque deveria figurar sépsis),1 a par com sepse e sepsia, e diz que se trata de «estado infeccioso grave caracterizado pela disseminação e existência de microrganismos patogénicos, ou das suas toxinas, no sangue circulante ou nos tecidos». Quanto a septicemia, chama-lhe «estado clínico de grande gravidade, caracterizado pela rápida, e constante, multiplicação de bactérias e pela presença de toxinas no sangue circulante» e acrescenta que «a septicemia surge como resultado da saída das bactérias patogénicas de um foco infeccio...