As muitas incógnitas em torno da aplicação do Acordo Ortográfico em Portugal. Ver ainda Falta vocabulário comum na língua unificada + Dúvidas a mais sobre muitas palavras com dupla grafia, in Diário de Notícias de 4 de Janeiro de 2009.
— O Acordo Ortográfico entrou em vigor no Brasil no dia 1 de Janeiro. Que planos tem Portugal? Vai o Governo português, e nomeadamente o Ministério da Cultura, ficar à espera do período de seis anos de transição, que fez questão de impor na ratificação do Acordo?
— Sabendo-se que o único Vocabulário editado em Portugal, da autoria do Prof. Rebelo Gonçalves, está desactualizadíssimo e esgotado, de resto (a última edição data de 1966), Portugal vai adoptar o do Brasil? Ou vai promover também o seu?
— É o do Professor Malaca Casteleiro, que anunciou ter alcançado um financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia para ele próprio elaborar esse Vocabulário?
— Se sim, não corremos o risco de, a despeito da ratificação do Acordo Ortográfico, continuarmos com duas ortografias oficiais para a língua portuguesa?
— Sabendo-se que Academia Brasileira de Letras não tem parceiro à altura em Portugal nem havendo intercâmbio de informação, quem poderia estabelecer pontes e uma negociação com o Brasil para uma concertação para esse Vocabulário (verdadeiramente) Comum?
— Quem tutela em Portugal este(s) assunto(s) da língua: o MNE, ou o Ministério da Cultura? O Instituto Camões, ou a Academia das Ciências de Lisboa (acusada de total inacção e insensibilidade para as questões da língua, não se tendo sequer pronunciado aquando da ratificação e promulgação do Acordo Ortográfico)?
in Diário de Notícias de 4 de Janeiro de 2009