Falar de Emídio Fernando é falar, sobretudo, de um jornalista de princípios e de rigor, a começar pela língua portuguesa que ele tanto prezava. De um homem apaixonado pelas histórias do mundo e pela forma de as contar. De um homem íntegro e sensível com elevado sentido de justiça e de humanidade. Assim viveu, assim será lembrado por quantos com ele privaram. Faleceu no dia 16 de outubro p.p, em Alpiarça, Portugal, vítima de cancro.
Era o diretor-geral da Rádio Essencial, de Luanda e como historiador foi autor dos livros O Último Adeus Português, História das Relações entre Portugal e Angola do Início da Guerra Colonial até à Independência (2005) e Jonas Savimbi, No Lado Errado da História (2013). E, em coautoria, de Noites de Lisboa, tendo ainda colaborado nas obras Dias de Bagdad (2004) e Curtas Letragens (2004).
Cultor esmerado da língua portuguesa, colaborou amiúde com o Ciberdúvidas, destacando-se profissionalmente no empenho pelo bom uso do português nos jornais e no audiovisual, sensibilizando especialmente para esse rigor os jovens jornalistas com quem trabalhou.
Emídio Fernando nasceu a 12 de outubro de 1965, no Seles, província do Cuanza Sul de Angola, país que amou até ao fim. Com a carreira profissional iniciada em Portugal, foi na TSF que mais se distinguiu — nomeadamente como repórter de guerra em Angola, Ruanda, Zaire e Afeganistão. Foi ainda enviado especial à ex-Jugoslávia e ao Iraque.
Em 1994, foi distinguido com o Grande Prémio Gazeta, Reportagem de Rádio, pelo trabalho intitulado Os últimos dias da UNITA no Huambo.
Foi também diretor do semanário Tal&Qual e integrou o grupo dos fundadores do diário 24horas.
Em 2012, regressou ao seu país natal, para integrar a equipa que criou o jornal Nova Gazeta, do qual foi editor executivo. Cinco anos depois, projetou a Rádio Essencial de que era o diretor-geral e cuja equipa, em sua homenagem, retransmitiu alguns dos programas que apresentou em vida.
Era casado com a jornalista angolana Isabel Dinis com quem partilhava duas filhas menores.