«Em Portugal, o indo-europeu nunca foi objecto de estudo», afirma Ernesto d´Andrade neste seu livro. Reflecte-se assim a situação de no referido país se negligenciar a relação histórica do português com as línguas da Europa, a qual não se limita às latinas (espanhol, francês, italiano, etc.). Na verdade, esse parentesco vai mais longe: chega à Grécia e à Rússia, e embora se interrompa em quase toda a Turquia, continua no Curdistão, sem parar, até à Índia. Trata-se de uma extensa família linguística que se foi diferenciando de uma língua-mãe mais antiga, não atestada e reconstruída sobre hipóteses - o indo-europeu.
Com Ernesto d´Andrade, ficamos a saber como este antepassado foi descoberto por filólogos e linguistas há dois séculos. O autor apresenta em seguida uma extensa lista de raízes indo-europeias (o asterisco marca tradicionalmente o seu carácter hipotético), cada qual na origem de um conjunto de palavras portuguesas. Vem depois um índice na ordem inversa, organizado pelos termos portugueses antes comentados, em correspondência com as respectivas raízes indo-europeias. Deste modo, verificamos com surpresa que ocidente e cadáver partilham a raiz *kad-, «cair»; e compreendemos melhor certas confusões, como por exemplo, a existente entre exame e enxame, que, ironicamente, têm em comum mais do que a mera semelhança gráfica: a raiz *ag-, que significa «conduzir», «empurrar».
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