Este guia vem ao encontro de todos aqueles que querem ver resolvidas as suas dúvidas sobre o que vai mudar na grafia da língua portuguesa, com a entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990, prevista para breve.
Em apenas 31 páginas de leitura fácil (até pelo tamanho dos caracteres), o Acordo Ortográfico — Guia Prático esclarece-nos sobre as mudanças iminentes, desde a introdução das letras k, w e y no nosso alfabeto, até ao uso facultativo de minúscula ou de maiúscula, passando pelo emprego do hífen, pela supressão de consoantes mudas e pela alteração de algumas regras de acentuação gráfica. No final, apresenta ainda uma breve nota histórica e uma cronologia das reformas ortográficas na língua portuguesa, desde 1911.
Há, contudo, alguns aspectos que talvez mereçam uma revisão em futuras edições do mesmo livro. Na página 9 afirma-se que, além de poderem ser usadas em antropónimos (nomes próprios de pessoas) e topónimos (nomes de lugares) e seus derivados, as letras k, w e y podem ser usadas em «Palavras de origem estrangeira de uso corrente», recomendação que é inexistente na Base I do Acordo Ortográfico de 1990. Compreender-se-á esta inclusão, na medida em que supre uma óbvia necessidade: a de legitimar a grafia de muitos estrangeirismos de uso frequente (e seus derivados). Todavia, um guia do Acordo Ortográfico que se propõe apresentar «as principais alterações introduzidas pelas novas regras» não deve, quanto a nós, incluir nessa apresentação aspectos que o documento em que se baseia não contempla.
Além disso, é pena que não seja mencionado o autor deste guia, nem sequer na ficha técnica. Ainda que se tenha tratado de uma equipa da Porto Editora, parece-nos que os responsáveis pelo conteúdo de uma obra publicada devem ser sempre identificados.
Trata-se, ainda assim, de um instrumento que decerto se revelará útil a quem o tenha à mão, quando o Acordo for efectivamente aplicado.
De fora fica, pela natureza da obra, o problema infelizmente pouco mediático da elaboração de um vocabulário ortográfico comum a todas as comunidades da lusofonia, que será fundamental para resolver as ambiguidades que este acordo inevitavelmente trará. O Vocabulário, previsto no preâmbulo do Acordo, precisa que as «instituições e os órgãos competentes» sejam indigitados e comecem o seu imprescindível trabalho!
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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