É com alguma perplexidade que nos apercebemos de formas de pronúncia de palavras impensáveis de ouvir há alguns anos.
A propósito do caso Face Oculta, escutámos, tanto na rádio como na televisão portuguesas, a pronúncia do apelido Noronha (de Noronha do Nascimento) com o fechado na primeira sílaba, em vez de u. Ou seja, ouve-se /Nôrônha/ em vez de /Nurônha/, como sempre se ouviu dizer.
Outra vítima deste fenómeno de hipercorrecção é o nome Ronaldo (para referir o futebolista madeirense), pronunciado frequentemente como /Rônaldo/, em vez de /Runaldo/. Tal como se diz /Rulando/ (Rolando), e não /Rôlando/.
É norma no português europeu o o átono fechar-se em u. As palavras referidas não fogem a essa regra, à semelhança do que acontece com notícia, noventa, nostálgico, romã, comigo, comer…
Tratando-se de sílaba tónica, o o já tem valor de o, aberto ou fechado: nómada, nosso, roto…
Por ignorância, ou talvez por excesso de zelo, cai-se no erro. E é assim que também a língua vai sendo vítima da corrupção desta sua "face oculta" …