No rescaldo de incidentes entre adeptos de duas equipas de futebol, o presidente de um clube confunde cobertura com cobro. Paulo J. S. Barata assinala e analisa o erro.
A propósito dos incidentes ocorridos, em 24 de fevereiro de 2013, entre os adeptos do Vitória de Guimarães e os do Sporting de Braga, no jogo em que se defrontaram as respetivas equipas B, o presidente do clube vimaranense, Júlio Mendes, nas suas declarações, transmitidas pela RTP e transcritas em A Bola, referiu: «[…] não vão contar comigo para dar cobro a este tipo de situações.»
Na verdade, o que aquele dirigente desportivo queria dizer era «dar cobertura», e não «dar cobro». Muito provavelmente a confusão terá ocorrido por um fenómeno de tipo paronímico entre cobro, no sentido de «termo» ou «fim», cobertura, no sentido de «avalizar; consentir ou aprovar», e a expressão «pôr cobro», ou seja, «terminar; acabar; fazer cessar; não deixar continuar; pôr fim; pôr termo; procurar que não se repita». «Dar cobro» é, desde logo, uma expressão sintaticamente discutível, mas, ainda que a aceitássemos, ela teria naquele contexto exatamente o sentido oposto ao que o presidente do Vitória pretendia, pois quereria dizer: «não contem comigo para dar um fim a este tipo de situações»…