A palavra vacina marca de forma indelével o final do ano de 2020, assinalando o princípio do fim da pandemia tal como a conhecemos.
Esta palavra está desde a sua criação associada a um ato de ciência. Na sua origem significou «derivado de vaca» (em latim, vaccina), designação relacionada com a criação da vacina contra a varíola, no século XVIII, quando o médico inglês Edward Jenner descobriu que a vacina, uma erupção derivada da varíola e caracterizada por ter pústulas com pus, ao ser inoculada no ser humano, o imunizava contra a varíola. Assim surgiu a primeira vacina, e a palavra, com a evolução da ciência e com a criação de novas vacinas, passou a designar qualquer substância, preparada com agentes infeciosos que, inoculada num organismo, o protege de determinadas doenças.
A nova vacina que agora entra em cena para proteger a humanidade da covid-19 traz também esse significado de imunidade e de proteção. Todavia, não menos importante que o efeito físico que a vacina irá desencadear é o efeito psicológico. Sim! Esta nova vacina traz também consigo, mais do que qualquer outra, o significado de esperança. Pela primeira vez em quase um ano, os seres humanos reencontram o sentimento de que será possível recuperar a confiança no sucesso e na vitória. A esperança reside sempre numa conquista que ainda não se atingiu e só existe porque algo ainda não é real e está sempre relacionada com um bem positivo.
A vacina veio trazer para um futuro próximo aquilo que durante muito tempo se considerou difícil e quase ficcional e consigo trouxe também a esperança.
Áudio disponível aqui:
[AUDIO: Carla Marques - vacina e esperança]
Apontamento da autora no programa Páginas de Português, emitido na Antena 2, no dia 3 de janeiro de 2021.