Depois do metrossexual, já dicionarizado, parece surgir agora o termo retrossexual, neologismo proveniente do inglês e aparentemente formado pela aglutinação das palavras retrograde (retrógrado) e heterosexual (heterossexual). A palavra parece ter sido corretamente transposta para o português, inclusive com a consoante dobrada, dado que o segundo elemento (sexual) se inicia com s. Pretende representar o homem de meia-idade, menos preocupado com a aparência física, e/ou aquele que adota uma aparência caraterística da década de 60.
A palavra surgiu num texto publicado no Diário de Notícias, de 9 de dezembro (pp. 28 e 29):
«Têm mais de 40 anos, barba, cabelo grisalho e ar durão. São os retrossexuais, homens que rejeitam a ditadura de uma imagem perfeita e reclamam o regresso de um homem simples e real. José Mourinho, George Clooney e Hugh Laurie são referências.
«A era dos homens bonitinhos, de cara lavada, carregados de brincos, tatuagens e de corpo depilado acabou. Pense em Cristiano Ronaldo e David Beckham. Agora pense em José Mourinho e na sua barba de três dias, em Hugh Laurie e no seu charme cinquentão, em George Clooney e nos seus sempiternos cabelos grisalhos. A moda e a publicidade receberam de braços abertos os retrossexuais. Um retrossexual é, grosso modo, um homem heterossexual que gasta pouco tempo e dinheiro na sua aparência. O conceito foi criado em 2002 pelo jornalista inglês Mark Simpson, também ele pai da palavra antónima, o metrossexual, inspirado o futebolista David Beckham.»
Numa coluna à parte, aquilo a que a jornalista chama «bilhete de identidade», ficamos a conhecer nove caraterísticas deste tipo de homem:
1. Gasta o mínimo de tempo e dinheiro com a sua aparência;
2. Usa barba de três dias;
3. Não depila as sobrancelhas (nem o peito, nem as pernas);
4. Ostenta com orgulho o cabelo grisalho;
5. Sabe mudar um pneu, trocar uma lâmpada, montar um móvel e arranjar um pequeno electrodoméstico;
6. Dá primazia às atividades ao ar livre (como a caça e a pesca);
7. Abre a porta da rua e do carro e paga sempre a conta (mesmo que elas insistam em dividir);
8. Um homem chora (quando morre um ente querido ou quando o seu clube perde. Nunca durante um episódio da Oprah);
9. Não sabe distinguir roxo de lilás… nem quer saber.
São duas páginas plenas de informação explicativa do conceito. Se alguma vez o termo vier a ser dicionarizado, aquele texto é imperdível. É que está lá tudo para uma boa definição da palavra.