Um amigo meu, português (e esta especificidade é relevante), tem um cão que se chama Doguinho. Este nome desperta curiosidade por diversas razões. Em Portugal, a ocorrência de doguinho é relativamente rara, sendo este um diminutivo em português derivado do termo inglês dog, que significa cão. No entanto, no Brasil, doguinho é muito mais comum e possui um duplo sentido: é utilizado tanto para se referir afetuosamente a cães, como se pode verificar com uma simples pesquisa nas redes sociais, quanto para designar um mini cachorro-quente.
Este fenómeno linguístico ilustra bem o conceito de hibridismo, um processo pelo qual palavras são formadas pela combinação de elementos de línguas diferentes. Embora o hibridismo seja frequentemente associado a áreas técnicas e científicas, ele também permeia o vocabulário quotidiano, como demonstrado pelo exemplo de doguinho. Aqui, o termo inglês dog é unido ao sufixo diminutivo português -inho, resultando numa combinação que reflete a interação cultural e a adaptação de termos estrangeiros ao contexto local.
Outro exemplo de hibridismo com uma lógica semelhante é o verbo checar. Neste caso, o termo inglês check (verificar) foi integrado no português, assumindo a conjugação verbal característica da língua. Enquanto doguinho adota um tom carinhoso e lúdico no uso quotidiano, checar estabeleceu-se como um verbo funcional amplamente aceite em português, empregando-se para expressar a ação de conferir ou verificar, ainda que num registo menos formal.
Para concluir, doguinho e checar exemplificam o dinamismo da língua portuguesa, que continua a enriquecer-se e diversificar-se através da influência e interação com outras línguas. Estes exemplos ilustram como o idioma mantém sua flexibilidade e acessibilidade, adaptando-se às mudanças culturais e às necessidades comunicativas, refletindo assim a sociedade em constante evolução.