Quem começa a aprender a língua inglesa logo é apresentado ao pronome it, usado para as coisas. Ele é he, ela é she, um animal, uma planta ou qualquer objeto é it. Em Português, tudo tem gênero: empregamos o ele ou o ela. Às vezes, nos complicamos ao empregar o pronome errado.
A ministra Ellen Gracie é sempre chamada de presidente do STF quando poderia ser presidenta. Antigamente, quando às mulheres estavam reservadas apenas funções secundárias, elas jamais chegavam à presidência de alguma coisa. A invasão feminina rompeu barreiras físicas e invadiu redutos antes somente masculinos. Os quartéis estão cheios de oficiais e oficialas. Nunca pergunte, portanto, a uma tenente se ela é oficial, ela é oficiala. Diferentemente das generalas. A patente ainda não tem feminino reconhecido. Mas há sentinelas e, mesmo que esses soldados sejam homens, é palavra feminina. Já ordenança é diferente. Até bem pouco tempo era somente feminina. Hoje, a língua portuguesa admite o ordenança.
Esta semana, lendo um texto jurídico, encontrei a frase: João é meu testemunha. Testemunha é sempre tratada no feminino, ou seja, João é minha testemunha. É bom lembrar que existe a palavra testemunho, masculina, que se refere à declaração ou alegação proferida pela pessoa que serviu de testemunha.
A ilustração da semana é de cartaz afixado em posto de gasolina próximo do Aeroporto. O sessego alheio não é bem um erro, é apenas uma desatenção, mas, cá entre nós, não podia deixar passar a possibilidade da brincadeira.
O LEITOR ESCREVE
Não use a palavra menas.
«Outro dia, participei de palestra de uma autoridade, pessoa letrada, mas que agrediu os ouvintes com a palavra menas, como se fosse um feminino de menos. É erro, não?», pergunta Roberson Silva, do Gama.
Erradíssimo, menos é palavra invariável, ou seja, empregada no singular e no plural sem modificação. Menos homens, menos mulheres.
in "ComuniWeb", 24 de Novembro de 2008