Maioria foi um nome de relevo que ocupou as páginas da comunicação social após a divulgação dos resultados eleitorais em Portugal.
O significado de maioria associa-se à noção de «mais de metade», o que em política implica que o grupo parlamentar com maioria será detentor do poder legislativo. Por essa razão, a expressão «maioria absoluta» poderá parecer redundante. Todavia, assim não é, simplesmente porque há diferentes tipos de maioria: a «maioria absoluta» refere-se ao número total de elementos mais, pelo menos, um. Já a «maioria relativa», ou também chamada simples ,refere apenas o conjunto que tem maior número de elementos (independentemente de este ser igual, superior ou inferior a metade).
Mas, há maiorias ainda mais fortes como a «maioria qualificada», cuja taxa de proporção pode variar, mas que, por exemplo no Parlamento português, corresponde a dois terços do total de votos ou, noutras ocasiões, a quatro quintos. É esta a maioria exigida para a aprovação de certas iniciativas legislativas.
No entanto, há também a «maioria silenciosa», que pode corresponder a uma parte relevante de cidadãos que não expressa publicamente a sua opinião ou as suas posições. E, não esqueçamos, se há maioria, também há minoria, que aponta para aqueles que ficaram em menor número. E, curiosamente, uma minoria pode ser dominante quando um pequeno grupo assume o poder político, económico ou cultural.
É importante também recordar que a História nos mostra que, por vezes, as maiorias trazem consigo a «ditadura da maioria», o que se associa a uma certa tirania no exercício do poder, que leva a que se esqueçam princípios fundamentais de justiça e equidade.
Por essa razão, embora o que se defenda é uma maioria dialogante, a maioria dos cidadãos deve permanecer atenta porque o poder parece fatalmente trazer consigo uma sede que é difícil aplacar.
Áudio disponível aqui:
[AUDIO: Carla Marques_Maioria]
Crónica incluída no programa Páginas de Português, na Antena 2, no dia 6 de fevereiro de 2022.