Há dias, numa entrevista da investigadora e antiga deputada, Joacine Katar Moreira, dei com a palavra epistemicídio, que não conhecia. Não foi difícil, pelo contexto e por analogia etimológica – com epistemologia e genocídio, por exemplo –, percecionar-lhe o sentido. A palavra é composta por episteme, isto é, «conhecimento» (do grego grego epistéme, -es), presente em palavras como epistemologia, e -cídio, isto é, «morte» ou «extermínio» (do sufixo latino -cidium, do latim caedo, -ere), presente em palavras como genocídio.
Portanto, e de forma estrita e literal, epistemicídio refere-se à «morte do conhecimento». Por extensão e pelo contexto percebe-se tratar-se aqui do conhecimento e das culturas dos povos das regiões colonizadas pelos europeus. Apesar de a palavra não estar dicionarizada, já existe uma definição bastante clara na Wikipédia.
Trata-se de um termo cunhado pelo sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, que defende que, no decurso do processo de expansão e colonização europeu, houve uma espécie de genocídio do conhecimento que anulou e apagou os saberes, as tradições e as culturas autóctones.
O epistemicídio, segundo ele, é assim uma espécie de genocídio cultural.