« (...) O ideal é estabelecer como base o registro culto escrito de ambas as variedades – afinal, o registro culto falado é diferente em muitos aspectos do padrão normativo. (...)»
Creio que a solução deste problema devesse passar pelas ideias abaixo:
Visto que entre as duas normas (a europeia e a brasileira) há mais fatos em comum do que o avesso – do contrário não nos conseguiríamos comunicar –, os cursos de Letras (ou cursos de formação de professores já graduados e atuantes em salas de aula) devem ter em sua grade curricular uma disciplina que ensine sistematicamente as diferenças entre as duas normas/variedades.
Para isso, o ideal é estabelecer como base o registro culto escrito de ambas as variedades – afinal, o registro culto falado é diferente em muitos aspectos do padrão normativo (a norma-padrão), que, por tradição, se baseia na linguagem culta escrita, na qual se consagram e se estabilizam dentro do espaço e do tempo fatos linguísticos usados em situações monitoradas de comunicação – numa norma culta, ou seja, cuidada, cultivada, produto linguístico derivado de pessoas cultas, isto é, indivíduos com alto grau de letramento, com elevada vivência/experiência multicultural e com renomada produção intelectual escrita.
Com o ensino e o incentivo sistemático, os (futuros/atuais) professores de língua portuguesa poderão em suas aulas abordar pontualmente as formas variantes existentes entre as duas variedades, mostrando que a nossa bela língua só é assim devido justamente à soma das suas variedades e que, portanto, não tolera preconceitos.
A língua portuguesa é uma só. Ela é uma unidade colorida, uma unidade comportadora de formas variantes.
Artio do gramático brasileiro Fernando Pestana , in "Países de Língua Oficial Portuguesa e norma linguística".