Aos poucos, a moda do «é suposto» instalou-se. Não deixa de ser curioso verificarmos a rapidez com que se tem propagado esta expressão, cópia da construção inglesa «it’s supposed». Uma verdadeira praga! (...)
Aos poucos, a moda do «é suposto» instalou-se. Não deixa de ser curioso verificarmos a rapidez com que se tem propagado esta expressão, cópia da construção inglesa «it’s supposed». Uma verdadeira praga! (...)
Sobre a moda, em Portugal, de os "tês" e de os "dês" se dizerem à inglesa, neste apontamento do professor Carlos Rocha .
Não estou a fazer nem a apologia nem a condenação do calão. Ele faz parte da língua. Aliás, ele faz parte da riqueza e da expressividade da língua. Quem nunca se socorreu do calão no momento certo, atire a primeira pedra!
Há até subterfúgios para o utilizar – melhor dizendo, sugerir – em locais inapropriados para o seu uso. «Diga arroz, que também tem dois erres», costumava ouvir-se na emergência de uma situação em que o calão se justificaria como válvul...
«Os "P[ô]lo" Norte estão de volta», anunciou o locutor da Antena 1/RDP, numa daquelas promoções para isto e para aquilo da rádio pública portuguesa.
Foi com alguma dificuldade que percebi a frase. Levado pelo meu interesse pelo português antigo, até julguei que alguém estava de regresso "polo" norte, como se, subitamente, o locutor tivesse pretendido evocar o nosso passado galego-português. Bastava recordar que a contracção de por com o artigo definido mas...
Trata-se de um termo muito em voga actualmente, mas cujo uso me causa ainda uma certa estranheza e ao qual até hoje não consegui aderir.
Ouvi há tempos uma conhecida entrevistadora perguntar ao seu interlocutor: «Sente que foi injustiçado?» Ao que ele respondeu: «Não, não me sinto vítima de injustiça.» Obviamente que esta personalidade possui uma sensibilidade para a língua que a entrevistadora não revela.
O te...
Meus Amigos:
Chego aqui vindo de muito longe. De um tempo de silêncio, que nos coagia a escrever baixinho e a sobreviver sob a forma de soturnas elegias. Nessa reserva amarga e implacável, recusávamos a derrota sem saber muito bem que realidade nova desejávamos. Por outro lado, eu relacionava a experiência dos outros com pesquisas pessoais, aplicando-as à qualidade da minha revolta. Proveniente de famílias operárias, admitia que esse conhecimento, simultaneamente excitante e assustador, r...
Em 1873, o grande Augusto Epifânio da Silva Dias, na 2.ª ed. da sua Gramática Portuguesa, nota que não abriram o o da sílaba tónica no plural as palavras adorno, bolso, estojo, folho, globo e molho (ô). Mas em 1883, dez anos depois, A. R. Gonçalves Viana, no Essai de Phonétique et de Phonologie de la Langue Portugaise, diz que já se pronunciava geralmente adornos (ó) e até gostos (ó), mas este termo só os algarvios o pronunciam assim.
Nas 45 palavras da lista que Viana apresenta, supri...
Metade do país florestal consumindo-se nas chamas de mais um Verão só não igual aos anteriores porque, desta vez, nem casas de zonas urbanizadas escaparam a esta cadeia infernal de tudo se repetir sempre para pior, e a notícia da apresentação de Luís Figo no Inter de Milão até passaria despercebida. Mas como Figo até justifica maior relevância do que as trepidantes férias do desaparecido primeiro-ministro algures num safari africanista, houve mesmo aberturas com ele nos telejornais de sábado. Ta...
As línguas, tal como as nacionalidades, as identidades, os seres humanos, as artes e muitas coisas mais, nunca foram entidades comandadas por uma racionalidade estrita ou por uma lógica sem falhas. Entre nós, já Camilo Castelo Branco ironizava, há bem mais de um século, a propósito, salvo erro, do jovem Joaquim de Vasconcelos, que, regressado da Alemanha, propunha que se dissesse "estejai", em vez de "estai".
Vem isto a propósito do livro A Língua Portuguesa em Mudança, organizado por Mar...
Passada que foi a época dos pioneiros que na colonização, sobretudo do Brasil e da África, se guiavam pela opinião de Nebrija, de que «a língua era a companheira do Império», nos tempos mais chegados da primeira metade do século XX, tanto a língua portuguesa como as outras europeias viviam na doce tranquilidade da retórica dos usos linguísticos respeitáveis: o português, como língua materna que era, para as utilidades habituais, o latim para a erudição, a medicina e o direito, o alemão para a fi...
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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