Diz-se «fazer as coisas direito» ou «fazer as coisas direitas»?
A construção correta é «fazer as coisas direito», uma vez que, nesta situação, a palavra direito é um advérbio. Por conseguinte, neste caso, direito não varia em género e número, já que os advérbios são palavras invariáveis.
Enquanto advérbio, direito assinala a forma como se deve fazer e, portanto, pode ser substituído por outros advérbios que indiquem igual valor como, por exemplo, corretamente. Isto significa que dizer «vou fazer as coisas direito para não haver problemas» é o mesmo que expressar «vou fazer as coisas corretamente para não haver problemas».
Por outro lado, noutros contextos, direito pode variar em género e em número, na medida em que se integra em classes como o adjetivo ou o nome. Enquanto adjetivo, direito pode ser usado com a aceção de «que segue ou se estende na mesma direção; reto; direto» (Infopédia) ou ainda «que não é torto ou curvo; liso; plano» (Infopédia) em, por exemplo, «Desenhaste uma linha muito direita». Pode ser também usado com o significado figurado de «justo, recto, acertado» (Priberam).
Já como nome, direito pode ser usado em frases como: «Todos temos direitos e deveres». Neste caso, o seu sentido evoca «aquilo que é justo ou o que é permitido ter ou fazer do ponto de vista ético, moral, jurídico, legal» (Dicionário da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa - DLPACL). Outro contexto em que este vocábulo é um nome é, por exemplo, em «Há dois anos que estudo direito», referindo a «ciência que se ocupa do estudo das leis e das instituições jurídicas» (DLPACL).
Em síntese, o comportamento morfossintático que a palavra direito pode ter numa frase depende da classe de palavras a que, nesse contexto, este termo pertença.
Áudio disponível aqui:
[AUDIO: Direito_Inês Gama]
Apontamento incluído no programa Páginas de Português, na Antena 2, no dia 12 de janeiro de 2025.