No mundo da tecnologia, sempre que acontece um «erro ou falha na execução de um programa, prejudicando ou inviabilizando o seu funcionamento» (Infopédia), chama-se bug a este problema, e, por isso, dizer «o Photoshop está com um bug» é o mesmo que afirmar que o programa não está a funcionar corretamente devido a um erro ou falha inesperada. Sim! Prevalece o uso do anglicismo ao invés do termo correspondente em português. Já em inglês, apesar de originalmente significar «inseto» (data de 1620), a palavra associa-se ao mundo da tecnologia por volta de 1878, cunhada por Thomas Edison, talvez subentendendo a imagem de um inseto a entrar numa máquina, de acordo com o Online Etymology Dictionary.
Contudo, em português e junto das camadas mais jovens, aportuguesou-se o nome inglês para o verbo "bugar", portanto, mais do que usar falha ou erro, os jovens dizem que «o jogo bugou», «o jogo está todo bugado». Nada de mais, até aqui: bugar está, também, intrinsecamente associado ao mundo da tecnologia.
Não obstante, a curiosidade reside no facto de o anglicismo ter extravasado os limites da tecnologia e ter passado a ter presença noutros contextos, nomeadamente para expressar confusão ou esquecimento momentâneo ou falhas do dia a dia, uma metáfora que não é desconhecida em inglês. Assim, facilmente ouvimos os jovens afirmarem: «não me lembro onde deixei o livro, buguei», «repete o que disseste, que eu buguei», «ele estava a falar comigo, mas o meu cérebro, de repente, ficou bugado». Parece que, de repente, somos fruto da tecnologia e temos erros no sistema, ou seja, no nosso cérebro.
O uso literal e figurado de bugar popularizou-se de tal maneira, que hoje até tem entrada como gíria (jargão) na versão em linha do dicionário da Academia das Ciências de Lisboa. Seja como for, do ponto de vista do uso linguístico correto, tanto no discurso corrente como no formal, recomendam-se os termos vernáculos. Falando, portanto, de dispositivos e programas informáticos, evite-se "bugar", porque a língua dispõe de expressões alternativas: por exemplo, o verbo falhar ou a locução «dar erro».