"Itaú lança seu primeiro produto de investimento focado no metaverso", "Metaverso? É uma ideia antiga que nunca funcionou", "Os Foo Fighters vão dar um concerto no metaverso depois da Super Bowl, no próximo domingo" – são alguns dos títulos de notícias que enchem as manchetes dos jornais. Mas, afinal, que termo é este, metaverso?
O conceito associado, tão presente nos dias de hoje, foi desenvolvido no romance de ficção científica Snow Crash de Neal Stephenson, publicado em 1992. Trata-se de metaverse, cujo significado atualmente transcendeu a ficção, passou para a realidade e é aplicado no domínio da informática. A palavra inglesa facilmente se transpõe ao português, pela adjunção do prefixo grego meta-, que tem sentido de «posterioridade, mudança» (cf. Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo) – ao elemento -verso que integra, por exemplo, o nome universo. É um termo que denomina uma mudança de universo, e, de facto, o dicionário indica tratar-se de um «tipo de mundo virtual em que se reproduz a realidade através de dispositivos digitais e em que os utilizadores interagem uns com os outros» (Infopédia).
Este universo novo pode ser encontrado, essencialmente, em jogos, como VRChat, Second Life, Roblox e Fortnite, onde, na realidade aumentada 3D, cada utilizador/jogador controla uma personagem ou avatar. Contudo, é também possível para outros fins, nomeadamente para apoio na comunicação social, na comunicação empresarial ou em atividades de lazer diversas (exemplo desde último caso é o de "Os Foo Fighters vão dar um concerto no metaverso depois da Super Bowl, no próximo domingo", noticiado pelo jornal Expresso).
Os mais atentos e consumidores de redes sociais podem ter percebido que em 2021 o nome da empresa de Mark Zuckerberg, chefe executivo do Facebook, mudou para Meta Platforms Inc., ou Meta (abra o Facebook e confirme se na primeira imagem não encontra lá o nome da empresa – Meta!). Como se percebe, não é a empresa de Zuckerberg que dá origem ao conceito, mas sim o aproveitamento que este programador e empresário tira do impacto que o conceito acarreta para iniciar uma nova fase na multinacional. Assim, além de manter as suas redes sociais sob a alçada da Meta, Zuckerberg foca-se num novo ramo de negócios que desenvolverá plataformas de metaverso.
Apesar da possibilidade de, no futuro, se associar o termo metaverso a Zuckerberg, fica claro que ele não teve influência na criação deste universo, nem sequer da sua denominação. Na verdade, a ideia e a palavra tiveram origem num livro onde metaverso não passava de ficção científica.