O verbo fazer é um verbo multiusos. Embora pequeno e discreto, consegue ter uma capacidade de significação muito alargada e diversificada. É, antes de mais, um verbo de ação porque descreve a possibilidade de dar forma a um objeto, de criar ou de formar algo. Vivemos tempos em que esta significação de fazer deveria estar bem ativa, porque toda a construção ou reconstrução do material ou do imaterial ajudam a avançar. O importante é que se faça e que, claro, ninguém faça disparates.
É também fundamental que cada vez mais, o verbo surja no seu uso pronominal, em situações como fazer-se um ser humano de exceção ou fazer-se ativo e interveniente.
Mas a imaginação popular oferece-nos verdadeiras delícias com o verbo fazer. Há coisas de fazer chorar as pedras da calçada, de tão fantásticas que são, e pessoas de fazer parar o trânsito, de tão belas que são. No entanto, há também quem ande a fazê-la bonita ou a fazer a cabeça a alguém, fazendo sempre tudo pela calada. Ainda há os que fazem a cama aos outros e, depois, fazem-se de novas. Muitas fazem das suas, mas o importante seria fazer as pazes, fazer as vontades e, claro, fazer amor. Já agora, faça-se também sala, muita sala, depois de tanto tempo sozinhos e isolados.
Uma coisa é certa: será sempre fazendo a diferença e fazendo bom rosto que se conseguirá fazer luz e, assim, fazer a felicidade. Faça-se, então!
Áudio disponível aqui:
[AUDIO: Carla Marques - fazer]
Crónica da professora Carla Marques na sua rubrica emitida no programa Páginas de Português, na Antena 2, no dia 3 de outubro de 2021.