Ao longo dos seus quinze anos de existência a Expolíngua Portugal tem tido como objectivo prioritário promover o multilinguismo e o multiculturalismo, como forma de aproximar povos de línguas e culturas diferentes, assim estabelecendo um melhor conhecimento mútuo e as bases de um relacionamento de paz e desenvolvimento, verdadeiros pilares dos desafios do futuro. Neste contexto tem sido tratada com o relevo que se impõe a língua portuguesa que, a nível internacional, é elo de ligação entre oito países dispersos por quatro continentes que, tendo a língua como património comum, a podem potenciar através de uma acção conjunta e assumida da lusofonia.
[Foi] convidada de honra este ano a língua alemã, expressão da cultura de diversos países no espaço europeu, quer como língua oficial – Alemanha e Áustria, quer como língua oficial regional – Suíça e Luxemburgo. Um número relevante de iniciativas irá oferecer ao público informação e um contacto mais aprofundado com esta realidade.
Apraz-me registar e salientar o profundo empenhamento com que, a partir do convite da Expolíngua, as embaixadas se empenharam na organização do Congresso bem como na animação cultural que irá decorrer nos três dias da Expolíngua.
O 15.º Salão Português de Línguas e Culturas, reflectindo o carácter institucional que lhe advém de uma continuidade ao longo destes 15 anos, apresenta-se com a clara consciência de uma responsabilidade acrescida pela expectativa gerada após as realizações anteriores e ainda de corresponder condignamente aos participantes, que muito o honram com a sua presença e lhe asseguram continuidade.
A Expolíngua Portugal orgulha-se de poder reunir ao longo dos três dias do Salão conferencistas e expositores de reconhecida importância a nível nacional e internacional nas áreas da formação e apoio à comunicação linguística, a quem saúdo com a maior simpatia e cuja presença é um estímulo para a continuação deste evento.
O desafio subjacente à ideia da “Europa dos Cidadãos” que poderá vir a ser solidária, mas que sem dúvida é fortemente competitiva, exige soluções que promovam – integrando os diversos interesses em presença – uma abertura ao mundo e a capacidade de comunicar e melhor entender os nossos interlocutores.
A União Europeia é hoje um espaço mais amplo e mais rico na sua diversidade cultural.
Somos actualmente 25 estados-membros com a sua identidade e culturas de séculos e com as suas línguas também.
Tal levará necessariamente a que seja reformulada, a partir de agora, a abordagem no ensino de línguas estrangeiras às novas gerações.
Neste motivador transnacionalismo, comum aos diferentes salões de línguas que decorrem na Europa, e internacionalismo nos salões que nos últimos anos também têm lugar fora da Europa, se inserem duas das vertentes que enformam o Salão Português de Línguas e Culturas.
A formação profissional que assegura as competências cada vez mais exigidas pela complexidade do mundo do trabalho; e o papel que nessa formação desempenha a aprendizagem de línguas estrangeiras, aí se incluindo com igual relevância a indispensável creditação de diplomas com credibilidade e aceitação internacionais.
Assim sendo há que considerar e promover a indispensabilidade dos portugueses, em particular os jovens que se preparam para entrar no mundo do trabalho, aprenderem línguas estrangeiras. Nessa aprendizagem a língua inglesa é uma necessidade sem discussão, pois que permite comunicar a nível universal, embora o seja de uma forma frequentemente superficial e insegura.
Dependendo da linha de interesses culturais ou profissionais de cada um de nós, o inglês deve ser aprendido de forma a permitir uma comunicação correcta e coerente, sendo pois necessário aprendê-lo melhor e em mais profundidade de forma a assegurar a necessária operacionalidade funcional.
Não se esgota, no entanto, aí a aprendizagem de línguas estrangeiras. O conhecimento de uma segunda língua estrangeira é indispensável a uma mínima flexibilidade profissional e cultural. Sem dúvida, e naturalmente, a escolha de uma 2.ª língua estrangeira irá depender das prioridades e dos contactos internacionais que cada um tenha, ou pense vir a ter no decorrer da sua carreira profissional.
No mundo actual cada vez se torna mais difícil dissociar comunicação, cultura, ciência e economia, sendo irrealista não reconhecer o impacto que estes quatro elementos têm nas relações internacionais. O sucesso nesta área passa necessariamente pela aceitação das realidades do multilinguismo e multiculturalismo.
Aqui, exactamente, cumpre a Expolíngua a sua missão de contribuir para informar e sensibilizar; quer na mostra de serviços e equipamentos ao dispor de quem vai optar por um determinado tipo de aprendizagem de uma língua estrangeira quer no programa cultural, que decorre ao longo dos três dias de feira em espaços autónomos simultâneos, proporcionando um debate, que esperamos vivo e participado, sobre diversas vertentes da problemática da aprendizagem de línguas.
A terminar, desejo expressar o nosso agradecimento a sua Excelência o Presidente da República e ao Senhor primeiro-ministro [portugueses] que, com outras altas individualidades, se dignaram integrar a comissão de honra.
A nossa gratidão igualmente para os senhores professores de diversas universidades [portuguesas] que acederam generosamente integrar a comissão científica.
Cumpre-me ainda agradecer aos professores e especialistas que integram os diversos painéis e mesas-redondas do Congresso deste ano e que permitem com o seu entusiasmo e competência dar corpo a um projecto que, esperamos, terá continuidade.
Uma referência especial e agradecimento aos institutos oficiais estrangeiros em Portugal, cuja participação e empenho na realização deste evento muito contribuem para o seu prestígio.
(...).
Obrigado a todos!
Alocução na inauguração do 15.º Salão Português de Língua e Culturas, em Lisboa