As novas medidas para o combate ao aumento de casos de covid-19 em Portugal, a partir de 4 de novembro, tiveram as reações mais díspares, contra e pró. E quando se esperaria que fossem os setores mais afetados com as novas restrições – caso dos estabelecimentos comerciais, dos restaurantes e dos chamados mercados de levante – a considerá-las de encontro ao que esperavam e queriam, por colidirem com os seus interesses, foi exatamente o inverso!...
Ainda por cima, por parte de quem, até por razões políticas, está em absoluta sintonia com o Governo de António Costa: a socialista presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, que se manifestou «satisfeita» com o facto de as medidas anunciadas pelo Governo para o combate à covid-19 irem de encontro às já previstas por ela própria: «Era urgente que fossem adotadas medidas mais restritivas para tentar inverter a curva epidemiológica» – [adiantando] que «a fasquia de 240 infetados por 100 mil habitantes "está muito acima em Matosinhos", razão que a levou a atuar localmente antes das imposições governamentais para o país".»
A isto leva o descuidado uso da língua: dizer-se exatamente o contrário, até, do que se queria dizer... por motivos políticos.
P.S. – Pior, só mesmo quem, acriticamente, reproduziu o erro na notícia do Expresso.