«Como os seus serviços já não eram precisos, eles foram de férias, descansados da vida e com a cabeça desassossegada.
Porque ao contrário do que se passara no último verão, este seria paradinho, quase mortiço […]».
Expresso, Primeiro Caderno, 9 de agosto de 2014, p. 38.
Às vezes quer-se dizer uma coisa e acaba por se dizer o seu contrário. É o que acontece com este desassossegada que deveria ser sossegada como facilmente se percebe pelo contexto. Desassossegado quer dizer agitado, perturbado, inquieto, ou seja, tudo o que os olheiros dos clubes portugueses, a que a notícia se refere, não estiveram este verão. Confesso-me quase incapaz de perceber que desassossego terá passado pela cabeça do jornalista para assim escrever: porventura uma confusão com prefixo des- quando surge como aumento ou reforço, como em desinquieto, por exemplo, mas que ali exprime – como é mais comum – apenas oposição ou negação.