Numa entrevista à Correio da Manhã TV, e a propósito da celeuma à volta dos incidentes com o treinador do Benfica, Jorge Jesus, no final do jogo com o Vitória de Guimarães para a Liga Portuguesa, o presidente do clube, Luís Filipe Vieira, tropeçou no verbo desapertar:
«[…] há um determinado jovem que vem buscar uma camisola, ao Luisão, e o Jorge caminha normalmente a pedir calma para aquilo que se estava a passar. E depois vejo o Jorge, numa altura, a rodear e a desapertar um adepto nosso que estava, salvo erro, com quatro ou cinco seguranças em cima dele. Não foi mais nada do que isto» (0h55);
«[…] Então, Jorge, o que é que se passou? Eh, pá, tive de ir desapertar aquela situação toda, pá […]. Eh, pá, não foi só desapertar! Atenção, que tinhas lá o polícia junto de ti […]» (2h20, 2h25).
Ainda que, nas duas últimas ocorrências, não se possa excluir completamente o sentido figurado do verbo desapertar, no sentido de «aliviar a pressão», parece-nos claro que o presidente do Benfica queria dizer desapartar, ou seja, «separar, afastar», e não, desapertar – que significa «tirar o aperto (a um parafuso, a uma porca, ao nó da gravata, a um fecho, a uma fivela, a um cinto, a um botão, etc.)».
Entende-se, porém, que, estando Jorge Jesus num certo «aperto» por toda esta situação, Luís Filipe Vieira tenha querido «desapertá-lo»…
P.S. – Não deixa de igualmente merecer reparo que o jornal i tenha, ao transcrever as declarações de Luís Filipe Vieira, incorrido no mesmo erro…