«A partir daí, o almoço desenrolou-se [de forma] bastante casual»
Jorge Lavos da Costa, SIC Notícias, 21 de julho de 2014, 1m27.
O almoço do Presidente da República português na Coreia do Sul, referido pelo cozinheiro-chefe de um hotel de Seul, terá sido tudo menos casual, ou seja, fortuito, ocasional, resultante do acaso. Agora, pode, de facto, ter-se desenrolado de forma bastante descontraída ou informal. Aquele casual, com o sentido de «informal», é uma extensão semântica por decalque do inglês casual, que se aplica sobretudo ao vestuário para caracterizar a informalidade (ex.: «tem um estilo [de vestir] bastante casual»). Esta errónea contaminação linguística, potenciada pela homografia, pode ter entrado no português por via da moda, área que utiliza com frequência o casual. E de tal modo que alguns dicionários, como por exemplo o Priberam, já chancelaram a importação, apresentando o «casual» como «[o] que é relativo a situações ou contextos em que há familiaridade ou descontração. = Informal», o que não a cauciona necessariamente na perspetiva da norma culta…
E ao mesmo tempo que importamos – mal – o casual, parece que pomos reticências a usar – bem – o chefe, como redução de cozinheiro-chefe ou chefe de cozinha, usando cada vez mais o galicismo chef. Não deixa, aliás, de ser curioso que quem escreve chef e não chefe de cozinha se refira, no mesmo texto, ao Presidente da República como «chefe de Estado». Critérios...