Fazemos aqui eco das anotações do provedor do leitor do Público relativamente a alguns atordoamentos ortográficos ocorridos naquele diário.
A ortografia ocupa lugar especial nas preocupações dos leitores: «Foi com desagrado que constatei erros de ortografia bastante graves no artigo de 8 de Dezembro [Edição Porto] 'Último Clubbing do ano ao som dos The Faint e dos portuenses Sizo'», escreve a leitora Marta Nunes Leão. «Na frase 'A expontaneidade e entrega em palco também contribuiram para que a inclusão do grupo no programa do Clubbing não destoasse, embora grande parte do entusiasmo se podesse, também, explicar...', é possível encontrar três erros ortográficos: 'expontaneidade' não se escreve com 'x' mas com 's'; 'contribuiram' está sem acento no segundo 'i' e 'pudesse' não é escrito com 'o' mas com 'u'. Onde está o trabalho de revisão dos artigos deste jornal de referência?!»
José João D. Carvalho foi ainda mais atento: «Tem sido rara a ocasião em que leio um artigo do PÚBLICO sem encontrar uma falha ou erro ortográfico (...). Ontem [10 de Dezembro] fiquei envergonhado quando um colega alemão, que está a aprender português, me pediu que lhe clarificasse duas passagens em artigos vossos [no PUBLICO.PT]. Na notícia 'Nova manifestação de milhares de pessoas em Atenas', aparece a seguinte frase: 'As duas grandes centrais sindicais do país, a Confederação General dos Trabalhadores Gregos...' Não diríamos Confederação Geral de Trabalhadores? (...) Na notícia 'Grécia: Adolescente foi morto por ricochete de bala disparada pela polícia', escreve-se: 'Fazia aparte de um grupo de cerca de 30 pessoas...' Perguntava-me o meu colega o que queria dizer a expressão, pois não fazia sentido; ao que tive de responder que era um erro de impressão. Hoje deparo outra vez com uma dúvida, pois não sei se se trata de um erro ou se o entrevistado quereria mesmo dizer 'enfardar' em vez de 'enfadar': 'Grilo, novamente: É muito mais fácil, daqui por 20 anos, as pessoas enfardarem-se com o Bergman do que com o Oliveira' [Não existem cinco cineastas que sejam assim tão livres, 11 de Dezembro, pg. 4]».
O provedor, que se enfarda de Ingmar Bergman sem se enfadar dele, compreende a perplexidade do leitor, o qual lança ainda um alerta muito pertinente: «Vejo por vezes também uma tentativa de utilização de palavras menos comuns que em nada, em minha opinião, enriquecem o texto das notícias. (...) Por vezes o keep it simple [manter a simplicidade], com uma boa estrutura de texto e linguagem corrente mas apropriada, resulta numa notícia mais elegante e sóbria.»
Público, 14 de Dezembro de 2008