Em Portugal, os falares da região que vai do Minho ao Douro, ou que se estende mais a sul, até ao Vouga – estamos no chamado «berço da Nação» –, são vistos um tanto miticamente como os mais próximos do idioma medieval que os trovadores da Galiza e de Portugal aperfeiçoaram no século XIII e a linguística histórica hoje denomina galego-português. Ao tema, o Jornal das 8, da TVI, dedicou uma reportagem (emissão de 6/12/2014), propondo uma visita à cidade do Porto para escutar os traços típicos dessa maneira de falar o português*. Aqui fica o registo, com devida vénia:
* Sem negar a utilidade e o interesse da reportagem, parece exagero afirmar – como se faz na apresentação da peça – que o Norte de Portugal tem maior variedade de sotaques e dialetos do que o Centro ou o Sul do país. Quem conheça as regiões mais meridionais verifica que se encontra aí diversidade dialetal apreciável: basta lembrar o território entre Portalegre e Castelo Branco ou o Barlavento algarvio, para já não referir os falares dos Açores ou da Madeira. Sobre variedades geográficas no território português, leiam-se o estudo já clássico de L. F. Lindley Cintra, Nova proposta de classifciação dos dialetos galego-portugueses, de 1971 (Boletim de Filologia, Lisboa, Centro de Estudos Filológicos, 22, págs. 81-116), e a proposta mais atualizada de Luísa Segura, em Variedades dialetais do português europeu, capítulo da Gramática do Português, da Fundação Calouste Gulbenkian, publicada em 2013 (págs. 85-142). Vejam-se, ainda, as respostas Percepção da pronúncia do Norte de Portugal e Sobre a aceitabilidade das pronúncias resgionais (Portugal)
O Ciberdúvidas da Língua Portuguesa tem novas instalações, graças ao apoio da Câmara Municipal de Lisboa, à qual endereçamos, desde já, os nossos agradecimentos – e, em particular, ao diretor do pelouro da Cultura, Manuel Veiga (ver Notícias).
Como pontuar uma enumeração constituída por parágrafos? O consultório dá várias sugestões para uma pontuação correta. Outros temas abordados: a origem histórica da voz passiva em português; a classe de palavras da locução «tanto mais que»; a etimologia de Beja e alferes; o plural de afia (forma abreviada de afia-lápis).
O programa Língua de Todos de sexta-feira, 12 de dezembro (às 13h30*, na RDP África; repetição em 13/12, às 9h10*), entrevista a professora brasileira Rosângela Morrello, do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística, sobre o recente Seminário Ibero-Americano de Diversidade Linguística, dedicado à convivência da língua portuguesa com o castelhano e com as línguas indígenas do Brasil. No Páginas de Português de domingo, 14/12, às 17h00, na Antena 2, a professora Isabel Casanova assinala o centenário do nascimento do dicionarista e arabista José Pedro Machado; José Ribeiro Pereira, um dos redatores do Dicionário Global da Língua Portuguesa – autoexplicativo com exemplos contextualizados, (Lidel, 2014), fala desta obra da autoria de Jaime Coelho; e o professor João Carlos Brito propõe uma iniciação ao falar do Porto com o seu livro Lugares e Palavras do Porto (2014).
* Hora oficial de Portugal continental, ficando também disponível via Internet, nos endereços de ambos os programas.
Quem ensina ou aprende português (língua materna ou não materna) tem acesso gratuito a materiais de apoio na Ciberescola da Língua Portuguesa e nos Cibercursos, plataformas que tembém promovem cursos individuais para estudantes estrangeiros (Portuguese as a Foreign Language). Pormenores no Facebook e na rubrica Ensino.