«Variante internacional da nossa língua» é como um jornal digital galego se refere ao português1, a propósito de um curso de iniciação ao nosso idioma que decorre em Santiago de Compostela até junho. O espírito da iniciativa, claramente favorável a uma aproximação à lusofonia, fica demonstrado através da frase promocional «a nossa língua é extensa e útil» (no cartaz reproduzido à esquerda), sugerindo, também com humor, que o galego é parte de um universo linguístico mais alargado. Do outro lado do Atlântico, as notícias dão conta de que o português é a língua que mais cresce nos Estados Unidos, em grande parte, graças às oportunidades que o Brasil ou Angola parecem por enquanto abrir aos norte-americanos. Não faltam, portanto, sinais de que a língua portuguesa está a ter reconhecimento internacional. Mas o tempo passa, e a sorte muda. Estará toda a comunidade lusófona consciente deste desafio?
1 Expressivo da atenção que o português recebe dos galegos é o memorando assinado em 19 de fevereiro p. p., entre a Junta da Galiza e o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, para a adoção do português como língua estrangeira de opção no ensino não universitário (mais informação aqui).
Realiza-se em 14 de abril, pelas 18h00, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, o fórum-debate "Pela Língua Portuguesa, diga não ao 'Acordo Ortográfico' de 1990!". Anunciado pelo cartaz apresentado ao lado, a verdade é que os exemplos aí apontados – supostamente resultantes da nova grafia por força da supressão das chamadas consoantes mudas2 – são, na sua maior parte, deturpações ao que passou de facto a vigorar. Isto é – e como bem assinalou o historiador Paulo Pinto, em comentário produzido no blogue Jugular –, trata-se, tão-só, de «palavras que não existem nem antes nem depois do AO, que são erros básicos de português» [do mesmo autor, ler também o artigo Os cinco pecados mortais anti-Acordo Ortográfico (servidos em bandeja de História)]. Fora o erro “clássico”, igualmente cometido no cartaz: escreve-se 3.ª-feira, e não "3ªfeira".
2 Descaracterizar, compactuar, incontactáveis, encriptado, inaptidão, inépcia, abrupto, fictício, faccioso, intelectual, seccionar, ficção, interrupção e Apocalipse continuam a escrever-se como se escrevia antes do Acordo Ortográfico. Pela simples e óbvia razão de serem articuladas – e não mudas – as consoantes assinaladas, c e p. Vide Base IV: das sequência consonânticas + As pronúncias e as consoantes mudas.
Em O Nosso Idioma, o regresso de Edno Pimentel com nova crónica sobre os usos do português de Angola, desta feita, a propósito de uma variante incorreta do verbo lamber (texto original publicado no jornal angolano Nova Gazeta). No consultório, também se aborda o tema das variantes populares, a propósito da palavra vagem, o mesmo que feijão-verde, além de se esclarecerem dúvidas sobre o advérbio apenas, o substantivo recusa e a expressão «prestar contas».
Já agora, informamos que temos novo endereço de correio eletrónico: ciberduvidasdalinguaportuguesa@gmail.com.
O poeta português Herberto Helder (1930-2015) é a figura em foco nos programas de rádio Língua de Todos, transmitido na sexta-feira, 10 de abril (às 13h303, na RDP África; com repetição no dia seguinte, 11 de abril, às 9h103), e Páginas de Português, que vai para o ar no domingo, 12 de abril, às 17h003 na Antena 2. Mais informação na Abertura de 8 de abril p. p.
3 Hora oficial de Portugal continental, ficando também disponível via Internet, nos endereços de ambos os programas.