Começo por pedir desculpa pelo atraso desta resposta, mas isso deveu-se a que ficou ignorada junto de outra pergunta, e só agora dei por ela.
A resposta é simples: O Dicionário Houaiss-port. e. indica que trompete é um substantivo dos dois géneros. Assim, tanto é correcto usar o masculino como o feminino.
Podia considerar aqui concluída a resposta. Mas a consulta do mesmo termo em Rebelo Gonçalves sugeriu-me mais as seguintes considerações:
As pessoas extremosas com a língua não cessam de lamentar o grande laxismo que presentemente existe no uso do precioso património linguístico que recebemos como herança social. Já foi com os galicismos (com os latinismos muitos consideram enriquecimento...), agora é com os anglicismos e é, também grave, com os atropelos às normas ortográficas e às regras da gramática.
Quem se insurge contra este estado de coisas merece o nosso respeito e encorajamento. Bem hajam!
Em Ciberdúvidas temos repetidamente denunciado este laxismo (verificado até entre responsáveis...). Pensamos ser nosso dever aconselhar o uso correcto do idioma e fazemos desse objectivo uma missão (frequentemente tão difícil, que os companheiros de estudo nem imaginam).
Mas, para mim (sublinho a opinião pessoal...), Ciberdúvidas não é purista, no sentido pejorativo do termo (excessivamente conservador, fechado à inovação). Sendo um `fórum de estudo´, não deixa de considerar que alguns desvios podem ser avaliados com tolerância e sem muita rigidez.
Ora, este caso do trompete é paradigmático. Uma primeira consulta em Rebelo Gonçalves indicava-me que `o ilustre vernaculista de referência´ condenava taxativamente trompete, recomendando trompeta (e o género feminino), para o instrumento musical.
O que acontece é que o seu precioso Vocabulário tem já quase quarenta anos, e, por muito respeito que me mereça, é uma obra não actualizada... A verdade é que o termo por ele condenado foi mesmo adoptado pela língua (está registado, além de no Houaiss acima citado, também no Grande Dicionário da Porto Editora, no Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa e em várias obras brasileiras). Isto é, a condenação do barbarismo, feita em meados do século passado, não vingou: as comunidades fixaram trompete, o termo passou a fazer parte do léxico.
É assim a língua... Precisa de protecção contra os desmandos, mas não aceita critérios `estratificados´...
Ao seu dispor,