Na frase que apresenta, o se é uma partícula apassivante (ou pronome apassivador), que torna a frase passiva. É como se disséssemos «Soberania e liberdade não são discutidas (ou seja, não são postas em causa)». Logo, o verbo deve ir para o plural, a fim de concordar com o sujeito: «Soberania e liberdade não se discutem.»
Este assunto é tratado por Napoleão Mendes de Almeida, no Dicionário de Questões Vernáculas, na entrada Se ( Ponto 4. Passividade).
Aquilo a que este estudioso da língua chama «concordância às avessas» é uma questão diferente. Ele discorda da construção «primeiro e segundo graus», por entender que o nome está indevidamente a concordar com os dois determinantes, pois a regra é que seja o determinante (ou o adjectivo) a concordar em género e número com o nome a que se refere (e não o contrário). Segundo ele, dever-se-á dizer «primeiro e segundo grau».
Já Evanildo Bechara (cf. Moderna Gramática Portuguesa, 37.ª edição, pág. 546) considera que a palavra determinada pode ir para o plural ou ficar no singular: «a quarta e quinta série (ou séries)».