1. Uma mulher exerce a função de enfermeira. Um homem exerce a função de enfermeiro. Uma mulher obtém o grau de doutora. Um homem obtém o grau de doutor. O determinante não é a função nem o grau, mas quem os consegue.
O membro do seu Conselho Directivo quer que um homem exerça a função de enfermeira? Não quer certamente. Como pode pretender, então, que uma mulher receba o grau de doutor e não o de doutora? Mas atenção (e teria sido essa a opinião do linguista mencionado na pergunta): se está indeterminado o destinatário, deve prevalecer o masculino. Por exemplo, «a Universidade X concede o grau de doutor». Eis um dos motivos que levam críticos a afirmar: a gramática não é feminina...
A concordância faz-se com os substantivos grau e função quando não existe de. Por exemplo: função subalterna, grau académico. Um homem (ou uma mulher) exerce uma função subalterna. Uma mulher (ou um homem) obtém um grau académico.
2. A dúvida apresentada por Maria da Penha pode ser esclarecida nas Respostas Anteriores (ou nas Perguntas Repetidas). Volto ao assunto, todavia, porque verifiquei que os colunistas da imprensa portuguesa (alguns com licenciatura e, até, doutoramento em linguística), na sua maioria, empregam a concordância com um dos. Portanto, não teriam escrito a frase como a escrevi – «um dos graus que existem é o de doutora» –, mas como eles costumam escrever: «um dos graus que existe é...»
Admitida por Manuel Rodrigues Lapa, esta concordância não se pode considerar hoje inaceitável. Alguns dos seus defensores consideram-na mais estilística (enfática) do que gramatical. Mas, a exemplo de Rodrigo Sá Nogueira e outros estudiosos, entendo ser mais lógica a concordância que empreguei.
Vejamos: existem os graus A, B, C e D. Logo, o grau C é um dos que existem. Ou seja: entre os que existem, está o grau C.