Numa perspetiva meramente matemática e mais puritana do uso da língua, de facto, quando o produtor do enunciado afirma, por exemplo, que «a fábrica A produz menos poluição do que a fábrica B», subentender-se-á, em princípio, que ambas produzem poluição, ainda que uma o faça menos do que a outra.
Porém, de um ponto de vista menos formal e puritano do uso quotidiano da língua, tudo dependerá, creio, da intenção do enunciador e do nível de restrição das respetivas perguntas. Assim, se a pergunta for mais lata e não restringir suficientemente os universos dos visados, a resposta poderá igualmente apresentar uma margem limitativa inferior; por outro lado, se a pergunta restringir, à partida, a latitude dos universos visados, a resposta deverá também ser necessariamente mais restrita.
Deste modo, será aceitável e nada chocante, na minha opinião, que a uma pergunta mais lata, do tipo «quem comeu menos doces?», a resposta possa ser «foi a Ana, pois ela não comeu nenhum doce» (podendo aqui vislumbrar-se até, eventualmente, uma ponta de intenção irónica); contudo, uma pergunta mais limitativa, do género «De todos os que comeram doces nesta festa, quem é que comeu menos?», exigirá certamente uma resposta muito mais objetiva.
Agradecimentos pelas palavras finais.