Não é clara a origem do topónimo Badamalos, nome de uma aldeia do concelho do Sabugal, no sul do distrito da Guarda. Propõem-se, pelo menos, duas hipóteses:
— Badamalos evoluiu da latinização de um nome pessoal germânico, Baldemarus, formado por balth, "audaz", e marha, "cavalo" (A. de Almeida Fernandes, Toponímia Portuguesa – Exame a Um Dicionário, Arouca, Associação para a Defesa da Cultura Arouquense, 1999). Contudo, a forma Badamalos resultaria não do latim Baldemarus, mas já do plural românico Baldemaros, que designaria como filhos de um certo Baldemaro os habitantes da aldeia em apreço (idem). Note-se que o -ld- de Baldemaros teria passado a -d-, em resultado da assimilação do l a d e simplificação de -dd-, de acordo com uma tendência dos dialetos leoneses que se terão falado na região do Sabugal durante a Idade Média (recorde-se que toda a zona a leste do rio Coa pertenceu ao reino de Leão até 1297); esta evolução é exemplificada pelo seguinte esquema (o * indica forma hipotética): *Baldemaros > *Ba(d)demaros > *Bademalos > Badamalos (idem).
— O nome em discussão teria origem céltica, encontrando a sequência bad- paralelo no galês baedd, "javali", "cerdo"; esta relação seria favorecida pela existência, nas proximidades de Badamalos, da localidade de Cerdeira possivelmente alusiva a cerdo. Tal é a hipótese sugerida por José Pedro Machado, no Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa (Lisboa, Livros Horizonte, 2003), que, no entanto, Almeida Fernandes contesta, observando que, etimologicamente, Cerdeira remete para cereja (ainda hoje cerdeira é o mesmo que cerejeira) e nada tem que ver com cerdo.
Em suma, é grande a incerteza que rodeia a etimologia de Badamalos, mas, ainda assim, a hipótese germânica parece mais plausível que a céltica, sobretudo quando se considera a importância da onomástica de origem gótica no Norte de Portugal e mesmo mais a sul, nas Beiras, durante todo o período da Reconquista.