No Dicionário Terminológico (DT), por exemplo, o termo oração encontra-se definido da seguinte forma: «Designação tradicional para os constituintes frásicos coordenados e subordinados contidos em frases complexas» (B.4.4. Articulação entre constituintes e entre frases/Frase complexa). Depreende-se, portanto, que, de acordo com o referido instrumento linguístico, o termo oração apenas se aplicará a frases complexas, isto é, a frases «em que existe mais do que um verbo principal ou copulativo» (B.4.4. Articulação entre constituintes e entre frases/Frase complexa), reservando-se o conceito de frase simples para enunciados «em que existe um único verbo principal [ainda que oculto] ou copulativo» (B.4.4. Articulação entre constituintes e entre frases/Frase simples).
Ora, no enunciado sugerido pelo prezado consulente, creio que detectamos a existência de dois verbos principais, estando nós, portanto, na presença de uma frase complexa, composta, em sintonia com o raciocínio veiculado pelo DT, por duas orações que estabelecem, do meu ponto de vista, uma relação compatível com a ideia de coordenação. Aliás, repare-se que facilmente poderíamos substituir o advérbio conectivo contudo pela conjunção coordenativa adversativa mas: «O João come muito, mas não engorda», ou até pela conjunção coordenativa copulativa e: «O João come muito e não engorda.»
Assim, do meu ponto de vista, poderemos na verdade dizer, pegando nas palavras do consulente, que, no que diz respeito ao enunciado em análise, nos encontramos perante uma situação de coordenação assindética (isto é, sem conjunção expressa).