A sua análise é bastante completa. Cobre as situações em que o verbo é transitivo directo apenas: «Portugal venceu a crise»; outras em que é transitivo directo e tem mais um complemento (segundo a nova terminologia, estaríamos perante um modificador, pois não me parece que esse “complemento” seja um elemento exigido pela estrutura do verbo): «Venço-te em inteligência»; «Venceu a crise com as medidas...»; outras em que é transitivo preposicionado com diversas preposições «Vencemos à tangente», «venceu pela diferença mínima»; outras, ainda, em que ocorre na passiva, sendo o complemento um agente da passiva: «vencido pelo cansaço». A única situação nova que encontrei aponta a possibilidade de o verbo ser pronominal, com sentido de «ultrapassar»: «Venceu-se o prazo.»
Voltando à situação que descreve, efectivamente, muitas vezes o verbo aparece construído como se se tratasse do verbo ganhar, e, curiosamente, tal acontece apenas, ao que parece, quando o complemento directo é um nome próprio. Quererá isso dizer que o verbo está a adquirir uma nova regência, ou trata-se, apenas de um erro? Em qualquer dos casos, como a comunicação social é o veículo privilegiado da norma, deveria haver algum comedimento no uso de estruturas inovadoras (se esta o é) e muito mais cuidado ainda face a estruturas erradas. É que, para o bem e para o mal, é a comunicação social o exemplo e o veículo por excelência da norma-padrão da nossa língua. Se não a usam com rigor, perde-se um referente único e insubstituível, pela sua frequência e pela facilidade com que invade o espaço de cada um de nós.