As palavras possuem várias características.
Têm valor conceptual na representação directa da realidade, e essa é a sua capacidade denotativa.
Têm valor estético, porque podem representar a imaginação, e esse é o seu valor conotativo.
Além disso, cada palavra tem posicionamento próprio na cadeia do discurso, e é esse o seu valor gramatical.
Gramaticalização é fruto do seguinte percurso:
gramática > gramatical > gramaticalizar > gramaticalização.
A gramaticalização é o processo pelo qual determinada palavra passa a ser usada como vocábulo gramatical, ou como afixo, no curso da evolução da língua. Exemplo – A palavra “mente”, que era uma forma do substantivo latino ‘mens’, tornou-se sufixo na língua portuguesa.
Lexicalização é fruto do seguinte percurso:
léxico > lexical > lexicalizar > lexicalização.
Lexicalização é o processo ao fim do qual um sintagma se lexicaliza, transformando-se em unidade lexical autónoma. Exemplo: “à-vontade” é uma palavra diferente da locução “à vontade”; “faz-tudo” é diferente de “faz tudo”.
"Discursivização" é vocábulo ainda não registado nos dicionários da língua portuguesa. Parece ser resultado do seguinte percurso:
Discursivo > discursivizar > discursivização.
1 – Parece-nos que está relacionado com a palavra inglesa “discursiveness”, que é um substantivo formado com base no adjectivo “discursive”, que significa digressivo e também método que segue a razão e que se opõe à intuição. É seguir, por exemplo, o método aristotélico em oposição ao método intuitivo de Platão.
2 – Se enquadrarmos a palavra discursivização no âmbito da linguística, poderemos sugerir que discursivização será o enquadramento das palavras no discurso, o que poderá dar lugar a variações semânticas por efeito dos contextos que poderão dar lugar a diferentes conotações.