«Para os repórteres portugueses que marcaram presença na conferência [de imprensa, em Londres] e, certamente, para quem assistiu, em Portugal, via TV, à apresentação de [André] Villas-Boas, o desconsolo inevitável de não o ouvir pronunciar uma frase que fosse na língua de Camões e Pessoa. “Podem fazer as perguntas em português, mas as respostas serão sempre em inglês”, avisou antecipadamente o director de Comunicação do Chelsea, repetiria mais tarde o treinador, justificando tal decisão com as regras instituídas pelo clube.
«”Não é falta de respeito nem para convosco nem para com os portugueses, é essa a vontade do Chelsea, é isso que acontecerá, não vou, nem posso, abrir excepções. Espero que compreendam”, completaria André.
«Coincidência pura ou acto propositado, certo é que também nisso Villas-Boas marcou a diferença para com José Mourinho, pois a 2 de Julho de 2004, aquando da entrada do seu mentor em Stamford Bridge, a língua portuguesa foi usada e abusada por aquele que se autoproclamou como “special one” precisamente no dia em que se deu a conhecer à imprensa britânica.»
in A Bola, 30/06/2011
Independentemente do contraste com o procedimento do outro treinador português, agora no Real Madrid, «a vontade» do clube inglês — e a aceitação cordata do seu novo treinador — pôs à evidência os antípodas do que sucede em Portugal, em circunstâncias similares. E que tal se os clubes e os jornalistas portugueses passassem a fazer o mesmo com a sua língua, em Portugal?