«Língua de viagem e de mestiçagem», «Rio de muitos rios. E talvez pátria de várias pátrias», «O português de múltiplas tiranias/e o português das várias resistências.», «A língua é a mesma. Mas não é a mesma./É una. Mas é diversa» são versos de Manuel Alegre dum poema de elogio da língua portuguesa, poema este que foi tema da comunicação apresentada no Programa Cultural da Expolíngua, em Madrid, em março de 2003.
Eu creio que pela mediação da poesia
os poetas fundaram os povos.
E os povos fundaram a língua.
E a língua fundou as nações.
Língua de viagem e mestiçagem,
como gosta de dizer o meu amigo Manuel Rui.1
Rio de muitos rios.
E talvez pátria de várias pátrias.
Sem esquecer que há o português da opressão
e o português da libertação.
O português de múltiplas tiranias
e o português das várias resistências.
A língua é a mesma. Mas não é a mesma.
É una. Mas é diversa.
Tanto mais ela quanto mais diferente.
Tanto mais pura quanto mais impura.
Tanto mais rica quanto mais mestiça.
1Manuel Rui Alves Monteiro, escritor angolano.
Uma língua e diferentes culturas. Comunicação apresentada no Programa Cultural da Expolíngua, em Madrid, em março de 2003.