Percebi bem o que pretendia, só que não fui capaz de me fazer entender. Vou tentar de novo.
E confesso que fugi a tratar as diferenças Portugal-Brasil em termos de correcto ou incorrecto. De facto, essa avaliação pode depender de vários critérios: normas em vigor nos dois países, dicionários considerados de referência, hábitos linguísticos nas duas comunidades cultas, etc. Ora, no meu ponto de vista, as diferenças na nossa comum língua não podem considerar-se incorrecções, mas variantes.
Se analisarmos a gramática a que já me referi anteriormente, verificamos que as diferenças entre as duas regras são poucas, e, neste aspecto, um corrector gramatical comum, se difícil, talvez não fosse irrealizável.
Mas o problema, como já frisei, está nos hábitos linguísticos. Para muitos xenófobos, cá e lá, "dirigir um automóvel" não é o mesmo que "conduzir um automóvel"; "amo você" não é o mesmo que o nosso agradável "amo-te"; "que diz-se" é diferente de "que se diz" (o "que" força a próclise, afirma-se por cá).
Mais um exemplo: Mesmo sem considerar diferenças semânticas (lembro bala, broto, careta, grana, papo, veado, etc., etc.), num texto destinado a pessoas exigentes na língua, em Portugal, mas escrito por um brasileiro, a expressão considerada correcta no Brasil: "por que não responde?", deveria ser sublinhada pelo corrector e sugerida em substituição "porque não responde?", considerada correcta em Portugal.
Os exemplos são inúmeros.
Em resumo, repito que é difícil realizar um corrector sintáctico que, sem erros por omissão, satisfaça completamente as duas comunidades cultas.
Claro que num objectivo de uniformização da língua, poder-se-ia defender um corrector que orientasse o utente numa linha comum considerada a mais correcta nas duas comunidades. Mas isso exigiria um acordo prévio, sem constrangimentos, entre linguistas idóneos dos dois países, o que penso poderá estar fora do âmbito do seu projecto. Além de que ficam sempre dúvidas sobre a utilidade dessa uniformização: São também as variantes desta nossa língua (enriquecida na sua expansão pelo mundo) que a tornam tão pródiga e versátil. Para mim, por exemplo, é uma delícia ouvir um "juro para você…", numa harmoniosa voz brasileira.
Não consigo ajudá-lo mais.