DÚVIDAS

Verbos locativos

É correcto usar-se a terminologia "verbo locativo" (Estou no Porto. Vim de Lisboa. Fiquei no Algarve)? Analisando sintacticamente a frase, de Lisboa faz ou não parte do predicado? Não encontro em gramática nenhuma a resposta, ou melhor, afirmam que estes complementos são acessórios e, na representação em árvore, não figuram como fazendo parte do predicado. Na minha opinião, e analisando as frases acima, aqueles complementos são pedidos pelo verbo, logo fazem parte do predicado.
Obrigada pela atenção.

Resposta

Sim, é correcto usarmos a terminologia «verbos locativos» porque nos dão a ideia de lugar.
Na frase «Vim de Lisboa», o elemento de Lisboa não faz parte do predicado. É, sim, um complemento deste: é o complemento circunstancial de lugar donde da forma verbal vim, ou seja, do predicado.
O complemento directo, tal como o complemento indirecto, é um complemento essencial do verbo; isto é, ambos fazem parte, digamos assim, da essência da significação do verbo. Vejamos, por exemplo, as seguintes frases:
(a) «O João comeu a laranja.»
(b) «O João comeu um bom jantar no tal hotel.»
(c) «O João comeu duas valentes bofetadas do pai.
Vejamos agora estas frases com o verbo vir
(a) «O João veio de Lisboa.»
(b) «O João veio do Porto para Coimbra.»
Em ambas estas frases, os complementos circunstanciais em nada afectam a essência significativa do verbo. Seja qual for a frase, significa sempre isto: movimentar-se (e nada mais) dum lugar para outro.
Se alguma dúvida permanecer, estou ao dispor para qualquer esclarecimento.

 

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