A classificação de um verbo de unário, binário ou ternário está directamente relacionada com o tipo de predicado que representa (respectivamente, unário ou de um lugar, binário ou de dois lugares, ternário ou de três lugares…). Ora, tal designação corresponde ao «número de argumentos com que um predicado se pode combinar […] e às propriedades semânticas e sintácticas que estes têm de possuir ou que adquirem ao combinarem-se com o predicado» (João Peres e Telmo Móia, Áreas Críticas da Língua Portuguesa, pp. 50-51).
Assim, a designação de verbo unário, binário ou ternário difere no que respeita às categorias sintácticas dos argumentos pedidos. Tais verbos referem-se aos predicados que têm função de predicador, tendo em conta a sua categoria lexical e a sua enaridade (um dado número de argumentos).
Os linguistas Peres e Móia dão-nos os seguintes exemplos:
«Verbos unários
[SN a Maria] tossiu.
Parece [F que amanhã vai estar bom tempo]
Verbos binários
[SN o gato] bebeu [SN o leite]
[SN o Paulo] mora [SP em Coimbra]
[SN o Paulo] decidiu [F que ia viver para Faro]
[F que o ministro se tivesse demitido] surpreendeu [SN toda a gente]
[F fechar a fábrica] significa [F deixar muita gente no desemprego]
Verbos ternários
[SN a Ana] ofereceu [SN um relógio][SP ao pai]
[SN a Ana] informou [SN o Pedro] [SP de que se ia casar]
[SN esta jóia] passou [SP de pais] [SP para filhos]
[SN a Ana] pediu [SP ao pai] [F que lhe desse um relógio]»