Mantenho o que disse nessa consulta, agora de forma um pouco mais explícita: pelo menos em Portugal, numa oração adverbial introduzida pela conjunção quando, a eventualidade no futuro é marcada pelo futuro do conjuntivo simples (Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 1984, pág. 473): «quando puderes, telefona». Se nesse tipo de oração se pretende indicar um facto futuro como terminado em relação a outro facto futuro, o verbo terá de estar no futuro do conjuntivo composto» (ibidem): «Quando tiverem acabado o teste, poderão sair.» A sugestão do consulente leva-me a supor que, no Brasil, o emprego do conjuntivo/subjuntivo não é obrigatório, podendo ser usado o futuro do indicativo. Contudo, não é bem isso que Maria Helena de Moura Neves descreve (Gramática de Usos do Português, São Paulo, Editora Unesp, 2000, pág. 792): «O modo subjuntivo pode ser usado na oração temporal iniciada por QUANDO, o que ocorre especialmente no futuro, resultando em expressão de eventualidade; a oração principal leva o verbo em presente ou em futuro: QUANDO você crescer, darámais valor a tudo. (CCI) QUANDO você tiver a minha idade, você vai ver.(CCI) Quando o ano acabar, o país terá gasto com sua importação algo em torno de 7,5 bilhões de dólares. (VEJ) Se não esses índios convidam os mil índios do Xingu e QUANDO chegarem aqui não tem comida para cem. (Q). É verdade que Moura Neves não parece dar carácter obrigatório a este emprego («o modo subjuntivo pode ser usado..»), mas os exemplos que ela dá apenas apresentam a ocorrência de conjuntivo/subjuntivo. Consultei a Moderna Gramática Portuguesa de Evanildo Bechara, mas este gramático é omisso quanto ao usos do futuro do conjuntivo. Resta-me, pois, pensar que no Brasil há, talvez, uma maior tolerância quanto à substituição do conjuntivo pelo indicativo na expressão da eventualidade no futuro através de uma oração adverbial temporal. Em Portugal, repito, o referido tempo é mesmo a regra nesse contexto.